Corria o finzinho do ano de 2015 e o relator geral do Orçamento da União para 2016 era um deputado da base do governo Dilma, do PP, do Paraná, de Maringá. Quem? Quem? Quem? Naquela altura, Ricardo Barros insistia, insistia e insistia em cortar nada menos que R$ 10 bilhões do Bolsa Família, ou 35% do orçamento do programa.

Segundo Ricardo Barros, O corte seria necessário para o governo cumprir a meta de superávit primário estipulada em 0,7% pelo então ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Além disso, Barros argumentava que “o corte é didático, é saneador, é uma lipoaspiração bastante importante no programa. O corte não tiraria do programa nenhuma família que realmente precisa do Bolsa Família”.

Foram ao delírio os donos de varandas gourmet, de SUVs cromadas e de panças passadas, ora viva, na lipoaspiração, arquétipos dos que creem que o Bolsa Família sempre foi estímulo à vagabundagem, ao bem-bom, à procriação para adicionar o valor de um Jack Daniels Single Barrel à renda familiar.

No dia 17 de dezembro de 2015, o Orçamento da União foi aprovado pelo Congresso Nacional sem o corte no Bolsa Família e com superávit de 0,5%. O Palácio do Planalto atuou diretamente para evitar o corte, que atingiria 23 milhões de famílias brasileiras. No dia seguinte, Joaquim Levy pediu demissão.

Mas Ricardo Barros é maringaense e não desiste nunca. Nesta quarta-feira, 3, horas antes da votação da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados, Barros, que é líder do governo Bolsonaro na Câmara, anunciava à imprensa que já tinha no bolso os votos necessários para a aprovação da proposta em primeiro e segundo turnos.

Exultava. Menos, muito menos pela fonte de receitas para o auxílio de R$ 400 – e é pouco – para os mais pobres, que tem sido o pretexto para fazer passar a escandalosa PEC dos Precatórios; mais pela linha de financiamento extra para Bolsonaro, bolsonaristas e agregados visando as eleições de 2022, o que inclui transformar o Bolsa Família, programa social que é referência mundial de combate à fome, à miséria e à mortalidade infantil, em um cronograma de pagamentos amarrado ao calendário eleitoral.

A aprovação da PEC dos Precatórios, regada a orçamento secreto – e para engordá-lo -, é o maior caixa dois eleitoral da história do Brasil.

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