Por indicação da Marinha e por força de um decreto assinado pelo presidente Lula no dia 5 de junho, o general Heber Garcia Portella, do Exército de Caxias, está entre os mais novos Grandes-Oficiais da Ordem do Mérito Naval, a mais alta comenda da Força de Tamandaré, honraria reservada àqueles “que houverem prestado assinalados serviços ao Brasil”.
Em sua carreira, o general Portella se assinalou por ser o primeiro militar escalado para ir ao front da guerra contra o TSE e as urnas eletrônicas movida por Jair Bolsonaro e pelas Forças Armadas em 2022.
Em setembro de 2021, Heber Garcia Portella foi designado pelo então ministro da Defesa, general Braga Netto – que viria a ser vice na chapa de Bolsonaro -, para ser o representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral do TSE, flanco aberto ao golpismo por Luis Roberto Barroso, que na época presidia o tribunal.
Foi o general Portella o responsável por encaminhar ao TSE, já em 2022, ofícios com dezenas de questionamentos sobre a segurança das urnas eletrônicas, em nome dos militares e em linha com Jair Bolsonaro, que já naquela altura anunciava que “as Forças Armadas identificaram algumas dezenas de dúvidas, vamos assim dizer, sobre o sistema”.
Pouco depois de ser rendido na presidência do TSE por Luiz Edson Fachin, em fevereiro do ano passado, Barroso afirmou em um evento internacional que as Forças Armadas, “gentilmente convidadas para participar do processo [eleitoral], estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo”.
Infiltrado pelo golpismo no TSE, o general Portella já falava, no primeiro semestre de 2022, em eventual “intrusão” no sistema brasileiro de votação eletrônica, antecipando o mote da segunda parte da guerra de Bolsonaro e dos militares contra as urnas eletrônicas, desencadeada no segundo semestre.
Esta segunda etapa foi inaugurada no dia 14 de julho, quando o sucessor de Braga Netto na Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, levou um coronel da ativa do Exército ao Senado para dizer, a menos de três meses das eleições, que os chips das urnas eletrônicas poderiam estar infectados por um malware capaz de alterar votos.
O nome do coronel é Marcelo Nogueira de Sousa. Logo depois, no dia 4 de agosto, o Ministério da Defesa criou a assim chamada Equipe das Forças Armadas de Fiscalização e Auditoria do Sistema Eletrônico de Votação (EFASEV), e o general Paulo Sergio nomeou o coronel Marcelo Nogueira de Sousa chefe da equipe. Por meio da EFASEV, Bolsonaro e as Forças Armadas infernizaram o período eleitoral, fermentando o 8/1.
Desde o dia 21 de março deste ano o coronel Marcelo Nogueira é um dos mais novos cavaleiros da Ordem Militar, a mais alta honraria do Exército Brasileiro, glória reservada aos “militares do Exército que tenham prestado notáveis serviços ao país ou se hajam distinguido no exercício de sua profissão”.
A medalha do coronel saiu em um decreto publicado no dia 21 de março com os nomes de dezenas de militares do Exército admitidos no “Quadro Ordinário do Corpo de Graduados Efetivos da Ordem do Mérito Militar”. O decreto é assinado pelo presidente Lula e pelo atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
O ministro MUCI lOn era previsivelmente condecorador apenas. Se isso não custasse dinheiro poderiam encher o peito o pescoço e outras cavidades com essas medalhinhas desmoralizadas.