Genocida e Offshorer no (não riam) Latin America Investment Conference, em janeiro de 2021 (Foto: Marcos Corrêa/PR).

O Pandora Papers, projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), revelou neste domingo, 3, que o Posto Ipiranga tem uma filial nas Ilhas Virgens Britânicas.

Na offshore que abriu em 2014 entre os vulcões adormecidos do Caribe, Paulo Guedes guarda bem guardadinho, em regime de “tributação favorecida ou diferenciada” – em paraíso fiscal, num bom português -, o equivalente a R$ 50 milhões.

“Tributação favorecida ou diferenciada”? Pergunta lá no Posto Ipiranga.

O artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe funcionários do alto escalão do governo de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, que podem ser “impactadas”, para usar uma palavra da moda, por políticas governamentais. No caso, o funcionário do alto escalão é ninguém menos que o ministro da Economia – além do presidente do Banco Central.

Exemplo: na primeira quinzena de julho, após reuniões com Paulo Guedes, o relator do Projeto de Lei da Reforma Tributária, deputado Celso Sabino, ceifou do texto da reforma a previsão de taxação sobre bufunfas de brasileiros depositadas em paraísos fiscais. A previsão estava no PL entregue pelo próprio Guedes a Arthur Lira semanas antes. Era um bode na sala, como outros pontos do texto original, a ser enxotado nas “negociações”.

Sabino – que na época era tucano e logo em seguida pulou de galho, para o PSL – prometeu depois reinserir a taxação de fortunas mantidas em offshores. Isto nunca aconteceu. No dia 1º de setembro, a Câmara aprovou o texto base do PL 2337/2021, e a Reforma Tributária está agora com o Senado Federal.

Conduta? Procura na casa da sua mãe

Sobre o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, não convém, portanto, perguntar lá no Posto Ipiranga. Muito menos a Jair Bolsonaro, que certamente mandará o interlocutor procurar o artigo da puta que o pariu na casa da sua mãe.

O casal Genocida e Offshorer, aliás, está prestes a fazer Bodas de Flores – as flores carnívoras, os jasmins do Caribe. É como diz a narradora do pequenino livro “O paraíso são os outros”, do escritor português Valter Hugo Mãe:

“Os casais formam-se para serem o paraíso”.

O deles. O nosso inferno.

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