A repórter Bela Megale informa n’O Globo que o senador Eduardo Girão nada mais, nada menos que embarcou para o continente errado, junto com outros parlamentares de extrema-direita, para entregar uma “denúncia” de “violação de direitos” dos presos do 8/1.
Diz Bela Megale:
“O destinatário do documento, conforme disse o senador no vídeo que divulgou, é o embaixador Sérgio França Danese, chefe do escritório do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). O problema é que o grupo de parlamentares errou o procedimento e o endereço”.
“Quando uma denúncia é peticionada em um órgão multilateral, o correto é ir aonde ele funciona. Neste caso, como o destinatário é o Comitê de Direitos Humanos da ONU, os parlamentares deveriam ter apresentado o documento em Genebra, na Suíça, onde acontecem as sessões do comitê, segundo advogados e membros do Itamaraty ouvidos pela coluna”.
Pobre Girão. O caso é que, como notou Jorge Luis Borges, “diferentemente de outras cidades, Genebra não é enfática. Paris não ignora que é Paris, a decorosa Londres sabe que é Londres, Genebra quase não sabe que é Genebra. As grandes sombras de Calvino, de Rousseau, de Amiel e de Ferdinand Hodler estão aqui, mas ninguém as evoca para o viajante”.
Em sua defesa, o viajante, o turista “acidental” não chegou a citar Borges – “pombas, Genebra não é enfática” -, mas tentou rebater Bela Megale, e a emenda saiu pior que o soneto:
Quer dizer que o senador Eduardo Girão embarcou para Nova Iorque com uma delegação de deputados e senadores para entregar uma “denúncia”, quando “o processo é feito online”?
Eduardo Girão supera assim o que parecia insuperável: a viagem do deputado e seu xará Eduardo Bolsonaro ao Catar no fim do ano passado, durante a última Copa do Mundo, para entregar pen drives com “denúncias” também sobre o Brasil, porque “a Fifa tem mais membros que a ONU”…
Eduardo, o senador, diz que “não foi gasto um centavo de verba pública” no girão da extrema-direita em Nova York. A conferir.