Quando candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro prometeu que iria “entrar com um lança-chamas no MEC e tirar o Paulo Freire lá de dentro”. Eleito, cumpriu.
No fim de 2019, o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, pôs fim ao contrato do MEC com a Fundação Roquette Pinto (Acerp), gestora da TV Escola, por motivos de “combate à doutrinação e ao marxismo cultural” na emissora. Extinguiu-se, de lambuja, o termo aditivo a este contrato com que a Acerp assumiu em 2018 a gestão da Cinemateca, após licitação.
Até esta sexta-feira, 30, dia de rescaldo no galpão da Cinemateca, não foi assinado outro contrato de gestão do órgão – um ano e meio depois do fim do contrato com a Acerp.
A Acerp continuou cuidando da Cinemateca mesmo assim, e mandou a conta para o governo, via Judiciário. Porém, há um ano, precisamente no dia 7 de agosto de 2020, o então secretário nacional do audiovisual, Helio Ferraz de Oliveira, apareceu na porta da Cinemateca acompanhado da Polícia Federal, a fim de “assumir as chaves” do prédio, que desde então está às traças – e às fagulhas.
Na agenda do atual secretário nacional do audiovisual, Bruno Graça Melo Côrtes, consta que no último 16 de julho o Bruno teve reunião com um membro de um inexistente “Conselho Nacional de Cinemateca”. O que existe é o “Conselho Nacional de Cinema”…

‘Energúmeno’
Foi defendendo o rompimento do contrato com a Acerp e o fim da TV Escola que Bolsonaro se referiu a Paulo Freire como “energúmeno”, em episódio amplamente repercutido:
“Agora, tem um pessoal aproveitando. ‘Querem acabar com a cultura’. Esse tipo de cultura eu vou acabar. Quem assiste TV Escola? Ninguém assiste. Dinheiro jogado fora. Era uma programação totalmente de esquerda. Ideologia de gênero. Dinheiro público para ideologia de gênero. Tem muito formado aqui em cima dessa filosofia desse Paulo Freire da vida, esse energúmeno. Foi ídolo da esquerda”.
Além de criminoso, o incêndio na Cinemateca foi uma promessa de campanha.
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