Em um vídeo publicado em meados de junho, Jair Bolsonaro disse explicitamente que o pedido de vista feito em setembro de 2021 por Kassio Nunes Marques sobre os decretos armamentistas do governo tinha o objetivo de travar indefinidamente o julgamento da matéria, garantindo a vigência dos decretos.
Disse Bolsonaro, referindo-se ao “livre direito do comércio de armas e munições”:
“Entrou nosso governo e por decretos conseguimos mudar muita coisa. Mas temos um limite, que é o limite da lei. Esses decretos foram judicializados, e tem um ministro do Supremo que pediu vista e sentou em cima dos processos. Então, não vai pra frente. Estão garantidos os nossos decretos”.
Veja o vídeo:
Desde que Nunes Marques “sentou em cima” dos processos sobre a política armamentista do governo Bolsonaro, em setembro do ano passado, quase 300 mil novas armas de fogo foram parar nas mãos de colecionadores, atiradores e caçadores – os CACs.
No vídeo, Bolsonaro voltou a dizer explicitamente que seu governo, ao armar seus apoiadores em nome do “tiro esportivo”, mira o que chama de “defesa da pátria”.
Ninguém tasca
“A arma garante que você não seja escravizado”, disse Bolsonaro mais uma vez.
Lideranças CACs em todo o país vêm há meses associando uma eventual vitória de Lula nas eleições deste ano à “escravização dos nossos filhos”.
No fim do vídeo, Bolsonaro deixou um recado para os CACs: “vamos em frente, que o Brasil é nosso”.
Fachin
Pois nesta segunda-feira, 5, o ministro Edson Fachin, do STF, determinou liminarmente a suspensão de trechos dos decretos armamentistas de Bolsonaro, na prática impondo restrições à compra de armas e munições por CACs. Fachin citou que o “risco de violência política torna de extrema e excepcional urgência” a decisão.
Fachin, que nunca criticamos, apontou “perigo na demora” e decidiu despachar monocraticamente.