Não há nada, absolutamente nada na conduta militar do atual comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, que sustente a afirmação-modinha entre jornalistas de que o general Tomás é “legalista”.
Já o contrário é abundante.
O general Tomás Paiva participou da urdidura da ameaça feita pelo Exército ao Supremo em 2018 quando do julgamento do habeas corpus preventivo que poderia ter colocado lula na eleição daquele ano.
No ano anterior, ano pós-impeachment de Dilma, 2017, o general Tomás disse a um repórter que “foi uma coisa burra” o PT ter aventado mexer no sistema de promoção e ensino do Exército.
Antes de tudo isso, em 2014, era o general Tomás Paiva o comandante da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) quando Jair Bolsonaro lançou-se candidato a presidente da República em ato político feito ilegalmente dentro de uma Organização Militar – a Aman.
Em agosto, já no comando do Exército, Tomás Paiva nomeou para o seu próprio gabinete um tenente-coronel dispensado do GSI por motivo de golpismo, após a Polícia Federal avisar o Palácio do Planalto da presença do golpista infiltrado na segurança de Lula.
O que há são jornalistas-modinha que se dedicam a dar dimensão portanto injustificável às juras de legalidade que o general Tomás lhes passa por WhatsApp, em troca da exclusividade das próximas aspinhas mui democratas e profissionais produzidas no Forte Apache.
Chamam isso de “cultivar a fonte”.
Agora mesmo, uma dessas jornalistas-modinha tem se repetido em afirmar, citando Tomás Paiva, que “o Exército tem todo interesse em que o caso seja esclarecido e os culpados, punidos”, numa referência ao caso do desvio de 21 metralhadoras de um quartel de Barueri.
O mesmo, rigorosamente o mesmo, o general Tomás dizia aos mesmos jornalistas há poucas semanas, no auge na pressão para levar ao banco de depoentes da CPMI do 8/1 quem foi cabeça e usava nela quepe de general na tentativa de melar a eleição de Lula.
Seja no caso dos golpistas, seja no caso das metralhadoras, claro esteve e claro está que o Exército tem interesse apenas… como é mesmo que eles dizem… ah, sim: “virar a página”.
Repetindo: não há nada que sustente a ideia de que o general Tomás Paiva seja “legalista”, fora o palavrório tão incensado pela mídia.
Um palavrório que, registre-se, foi posto na praça em um contexto de cessar-fogo – mas não fim da guerra – dos militares com seus “inimigos internos”, após a coisa beirar o vamovê com a recusa do antecessor de Tomás Paiva no Forte Apache, general Arruda, em cancelar a promoção de um outro tenente-coronel – Mauro Cid.
Uma das peças mais recentes desse palavrório do general Tomás Paiva foi esta, dita em meio aos delírios em Brasília de que o Exército, em vez de ter tentado, na verdade teria salvado o Brasil do golpe: “Exército não tem que ser enaltecido por cumprir a lei. É obrigação”.
Pois neste domingo, 12, a Folha de S.Paulo mostrou que o Exército de Caxias e do “legalista” Tomás Paiva vem se recusando a cumprir a Lei de Acesso à Informação em pedido de esclarecimentos da Folha, com base na LAI, sobre a cadeia de comando da Força no dia 8 de janeiro.
O pedido da Folha foi nomeadamente sobre quem na Força mandou fechar a Avenida do Exército com blindados Guarani, na noite do 8/1, para impedir a PM de Brasília de prender terroristas que tinham acabado de atacar a Praça dos Três Poderes e tinham voltado para a guarita do Setor Militar Urbano.
O Exército se recusou a responder, no que a Controladoria Geral da União pontuou no parecer do processo que “recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei [de Acesso à Informação] constitui conduta ilícita que, inclusive, enseja a responsabilidade de agente público ou militar”.
Vejamos se mais essa vai ficar por isso mesmo.
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