O ministro da Agricultura e membro do gabinete de segurança de Israel, Avi Dichter, um ex-chefe do Shin Bet, disse neste sábado, 11, em uma entrevista para uma emissora de TV israelense que o deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos para o sul da Faixa de Gaza, crime de guerra, é a “Nakba 2023”, numa referência à expulsão de 750 mil palestinos da Palestina em 1948 em meio à urdidura do Estado de Israel.
Palavra árabe usada pelos palestinos para classificar a expulsão de 1948, Nakba significa “catástrofe”.
“Estamos levando a cabo a Nakba 2023”, disse Avi Dichter.
Não foi uma crítica, ou “fogo amigo”: membro do partido de extrema-direita Likud, de Netanyahu, facção que ora comanda o Estado Terrorista de Israel, Avi Dichter é um velho defensor da reocupação de Gaza por Israel e disse o que disse neste sábado enquanto assistia a imagens de palestinos expulsos do norte da Faixa de Gaza tomando a estrada para o sul, tendo a morte em seus calcanhares.
Para Avi Dichter, a “Nakba 2023” é uma “necessidade operacional” do Exército de Israel. É notável como um membro do primeiro escalão de um governo constituído se sente à vontade para admitir e defender, na TV, que este governo produza catástrofes recorrentes para o povo palestino. Ao lançar mão, para isso, da palavra usada pelos palestinos para dar conta da dimensão do seu maior sofrimento, Dichter incorre, de resto, em zombaria.
Dichter não cometeu, porém, “sincericídio”, porque não haverá consequências.
Mas se Avi Dichter fosse russo, e não sionista, algum Biden ou Blinken já estaria defendendo que Dichter sentasse no banco dos réus do Tribunal de Haia.
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