O general Fernando Azevedo e Silva (Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil).

Não se sabe como em 2017 uma ex-aluna de Olavo da Carvalho virou estagiária de nível superior no gabinete do ministro do Supremo Ricardo Lewandowski. Mas não surpreende. Ninguém sabe ao certo também, até hoje, por que em 2018 o general Fernando Azevedo e Silva foi parar no gabinete do então presidente do STF, Dias Toffoli, dois meses antes de ser anunciado como futuro ministro da Defesa de Jair Bolsonaro.

O que se sabe, graças a uma reportagem publicada nesta quarta-feira, 6, na Folha de S.Paulo, é que durante meses Tatiana Marques de Oliveira Garcia Bressan atuou, de dentro do gabinete de Lewandowski, como “informante” do bolsonarista e propagador profissional de fake news Allan dos Santos, dono do site Terça Livre. Allan dos Santos é investigado em dois processos no STF, ambos iniciados após o período de “espionagem”.

“Informante” e “espionagem”, assim, entre aspas, porque parece que Tatiana não conseguiu informar a Allan muito que prestasse, pelo que se sabe até agora.

Sobre o general Azevedo e Silva, por exemplo, Tatiana Garcia Bressan disse a Allan dos Santos, em mensagem revelada pela Folha, apenas o que já sabiam até os mármores do Palácio do Supremo: “você sabe que o Villas Boas botou um general pra trabalhar junto com o Toffoli na presidência, né?”.

‘Cada indivíduo é um órgão de imprensa’

Em seu trabalho de conclusão do curso de Bacharelado em Direito, Tatiana Garcia Bressan apresentou “uma perspectiva favorável à possibilidade de doação financeira de pessoas jurídicas às campanhas eleitorais no Brasil”, fazendo uma “análise crítica” do julgamento da ADI 4.650 pelo STF, que restringiu a possibilidade a pessoas físicas.

Em seu TCC, Tatiana Garcia Bressan considera que Jair Bolsonaro “gastou pouquíssimo” para se eleger presidente. A informante terrivelmente bolsonarista parece ignorar – até parece… – a gigantesca máquina de disseminação de fake news financiada clandestinamente nas eleições 2018.

E a agente dupla do STF bacharelou-se em Jurisprudência defendendo ainda a “postura mais liberal” de que “cada indivíduo é um órgão de imprensa”, tipo Allan dos Santos, a título de “fazer perecer o argumento de que é necessário altas quantias para eleger um candidato e de que só quem tem dinheiro se elege”.

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2 Comentários

  1. Ô, Hugo, dá uns exemplos práticos aí pra nós da “gigantesca máquina de disseminação de fake news”. Começa que todo mundo mente na eleição. Mas vocês falam do assunto como se Bolsonaro o tivesse inventado. E sempre falam no plural e não mostram nada. Por que alguém faria fake news contra o PT? Você quer usar a questão dos costumes, o PT fez o Kit Gay. Fez, é verdade. E ninguém roubou como a turma do Lula, ninguém foi tão subordinado à ditadura cubana… Não precisa mentir pra falar mal desses malandros.

  2. A pergunta é: se um candidato tem a mesma chance de eleição a outro candidato que tem uma exposição muita superior a o primeiro, pois este aparece mais nas mídias ? Cabe também pensar pq Um determinado empresário tem grande interesse de “investir” em determinado candidato? Por será?

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