Jair Bolsonaro, que vai começar uma ofensiva para tentar “virar votos” de nordestinos, atribuiu a ampla vitória de Lula no Nordeste no primeiro turno à taxa de analfabetismo ainda mais alta na região, gerando grande revolta.

Em artigo publicado no dia 31 de outubro de 1996 no jornal O Globo, o ex-presidente José Sarney – na época, presidente do Senado – tratou de um tipo de discriminação “tão grave quanto aquelas que envolvem questões de raça” e outras: a discriminação regional.

Naquele artigo, Sarney elencou os termos pejorativos mais usados no Sul e no Sudeste contra os nordestinos; usados por aqueles, como Bolsonaro, que consideram os nordestinos gente de segunda classe, atrasada, errante, provinciana.

Estes: “cabeça chata”, “arataca”, “pau de arara” e “paraíba”.

Jair Bolsonaro conseguiu a proeza de incorrer publicamente em todos – repetindo: todos – estes qualificativos com conotação pejorativa para se referir ao povo do Nordeste. Todas as vezes no exercício do cargo de presidente da República. A maioria das vezes neste ano eleitoral.

No dia 9 de fevereiro deste ano, Bolsonaro chamou o próprio sogro, natural de Crateús, no Ceará, de “cabeça chata”.

Um dia antes, 8 de fevereiro, ao comentar críticas ao fato de que tinha usado um outro termo preconceituoso contra os nordestinos, Bolsonaro disse assim: “arataca, cabeçudo, pô, é isso aí”.

As críticas que Bolsonaro tentou rebater desta maneira eram referentes a um episódio de poucos dias antes, 2 de fevereiro, quando, durante uma live, chamou de “pau de arara” auxiliares que demoraram para responder a uma pergunta sobre o Padre Cícero: “cheio de pau de arara aqui e não sabem em que cidade fica Padre Cícero, pô?”.

No seu primeiro ano de mandato, Bolsonaro se referiu aos governadores do Nordeste como “governadores de paraíba” (quando disse que o pior dos “governadores de paraíba” era o governador do Maranhão, Flavio Dino).

Este é Jair Bolsonaro falando sobre o povo nordestino quando ainda era deputado federal:

“O voto do idiota é comprado com Bolsa Família. Se você for no Nordeste, você não consegue uma pessoa para trabalhar na tua casa. Você vê meninas no Nordeste, batem a mão na barriga, grávidas, e falam o seguinte: ‘esse aqui vai ser uma geladeira, esse aqui vai ser uma máquina de lavar’. E não querem trabalhar”.

Agora, para tentar se reeleger, Bolsonaro vai buscar mais votos no Nordeste usando chapéu de couro à moda Rosângela Moro comendo pastel de feira.

É portanto digno dos melhores memes, como o do “conte-me mais sobre isso” e o do menininho cético, que Jair Bolsonaro queira “virar votos” entre o povo nordestino, que ele tanto ridiculariza, menospreza, odeia.

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