A empresa israelense CySource LTD, com a qual o Comando do Exército Brasileiro acaba de assinar um “acordo de cooperação técnica”, foi fundada por um ex-gerente de vendas do também israelense NSO Group, que é o desenvolvedor do famigerado Pegasus, o programa espião que Carlos Bolsonaro tentou comprar para a Polícia Federal.
A CySource é especializada em combater ataques cibernéticos e identificar vulnerabilidades em sistemas eletrônicos.
Nesta seara, a CySource esteve recentemente envolvida em uma “polêmica”: no último 26 de abril, em uma das duas únicas postagens que existem em seu blog, a empresa afirmou ter encontrado uma vulnerabilidade numa ferramenta de detecção de malware da Google, a VirusTotal. No mesmo dia, porém, o fundador da VirusTotal desmentiu publicamente a análise da CySource, qualificando-a de fake news:
Portella e Bar-El
O acordo entre o Exército e a empresa israelense, para o qual o jornal Brasil de Fato chamou a atenção na última sexta-feira, 6, foi firmado entre o general Heber Garcia Portella, chefe do Comando de Defesa Cibernética do Exército (ComDCiber), e o fundador e CEO da CySource, Amir Bar-El.
O general Heber Portella é o militar indicado pelo ex-ministro da Defesa Braga Netto para integrar a Comissão de Transparência das Eleições (CTE) do TSE. Jair Bolsonaro e os militares vêm usando a CTE para tentar arruinar a credibilidade das urnas eletrônicas.
Já Amir Bar-El trabalhou no NSO Group de 2014 a 2016, ano em que estourou o escândalo do uso do programa Pegasus por governos para espionar opositores.

Save the date
Quem trabalha na CySource LTD é o brasileiro Helio Cabral Sant’ana. Até outubro do ano passado, Helio Cabral Sant’ana trabalhava no Palácio do Planalto, como diretor de tecnologia da Secretaria Especial de Administração da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Já o diretor global de vendas da CySource, Luiz Katzap, foi tenente do Exército Brasileiro de fevereiro de 2008 a agosto de 2016.
A assinatura do acordo entre o Exército e a CySource LTD data do último 8 de abril. No mesmo dia foi aberta em Brasília a CySource Brasil LTDA, tendo a CySource LTD como “sócio pessoa jurídica domiciliado no exterior”.

O subprocurador-geral do Ministério Público Federal Lucas Rocha Furtado enviou ofício ao Tribunal de Contas da União pedindo que o tribunal investigue o contrato do Exército com a CySource.