A foto que ilustra esta matéria é do dia 5 de dezembro do ano passado e mostra o deputado federal bolsonarista João Campos (Republicanos-GO) segurando um cheque gigante, simbólico, de R$ 150 mil junto com pastores da Igreja Batista Vida Nova, em Goiânia.
Os R$ 150 mil representados no “checão” equivalem ao valor destinado por João Campos, via emenda parlamentar, ao projeto social Centro de Recuperação Vida Nova, vinculado àquela igreja.
“Oramos e agradecemos a Deus pelas conquistas alcançadas em 2021. Dentre elas, está a destinação de R$150 mil para o Centro de Recuperação Vida Nova, através de emenda do meu mandato”, disse João Campos naquele dia.
O deputado João Campos é próximo do pastor Gilmar Santos, do Ministério Cristo Para Todos e pivô do Preachergate do MEC. Mais que isso: João Campos é uma espécie de cicerone de Gilmar Santos em altos gabinetes de Brasília. O deputado levou o pastor, por exemplo, aos gabinetes dos ministros Ciro Nogueira e Damares Alves.


Estes são João Campos, Gilmar Santos e Milton Ribeiro em um vídeo sobre o MEC:
“Estamos orientados, enriquecidos. O ministro abriu o leque aqui apara nós”, diz o pastor Gilmar Santos no vídeo, que é de abril de 2021.
Uma das filhas de Gilmar Santos é secretária parlamentar de João Campos na Câmara dos Deputados.
No último 17 de fevereiro, em discurso de comemoração pela aprovação de um projeto de lei para isentar igrejas de um tributo federal, o deputado João Campos esgrimiu uma interpretação sui generis da Constituição de 1988: “na medida em que o poder público não deve subvencionar igrejas ou cultos, não deve também cobrar impostos”.
Só neste início de 2022, o deputado João Campos já requereu à Câmara a realização de sessões solenes pelo Dia da Bíblia, Dia Nacional da Valorização da Família, Dia da Reforma Protestante e Dia Nacional da Proclamação do Evangelho; pelos 50 anos da Ordem dos Ministros Evangélicos no Brasil e no Exterior e pelos 105 anos das Assembleias de Deus no Amapá.
Na tarde desta segunda-feira, 28, a imprensa corporativa dá conta de que Jair Bolsonaro decidiu pela demissão de Milton Ribeiro, que, não obstante, oficialmente sai do MEC “a pedido”.
A crônica jornalística sobre mais uma mudança no MEC, porém, quase que passa ao largo do fato de que, independentemente de Mintons, Joões, Gilmares, etc, o próprio Ribeiro disse numa reunião oficial que foi Bolsonaro quem o orientou a aplicar recursos do MEC onde quer que o Ministério Cristo Para Todos apontasse.
O chefe do Preachergate é Jair Bolsonaro.
