A imprensa brasileira informa nesta segunda-feira, 9, que o general Paulo Sergio Nogueira, ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, está tentando impor uma medida de força ao Tribunal Superior Eleitoral, para além das questões, sugestões e pressões dirigidas ao tribunal nas últimas semanas.
Em ofício enviado no dia 28 de abril ao presidente do TSE, Edson Fachin, o general Paulo Sergio exige a dispensa do represente das forças armadas do Comitê da Transparência das Eleições, general Heber Portella, e apresenta sua autonomeação como “como autoridade representada naquela comissão”, e praticamente requisita que Fachin se reporte a “este ministro”:
“Diante da impossibilidade de tê-lo feito pessoalmente, solicito a vossa excelência que, a partir desta data, as eventuais demandas da CTE direcionadas às Forças Armadas, tais como solicitações diversas, participações em reuniões, etc, sejam encaminhadas a este ministro, como autoridade representada naquela comissão”.
O ofício, que só agora vem à tona, explica o frenesi de tensas reuniões na semana passada em Brasília envolvendo Paulo Sergio e Bolsonaro, Paulo Sergio e Luiz Fux, Luiz Fux e Rodrigo Pacheco, etc.
Numa palavra, é uma tentativa de intervenção na autoridade eleitoral brasileira, a cinco meses das eleições. Resta saber se o TSE vai aceitar a autonomeação. Resta saber o que virá se o TSE não aceitar.
O general Heber Portella é chefe do Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber) do Exército, o que dava à sua presença no CTE ares – apenas ares – de colaboração em relação às urnas eletrônicas. O general Paulo Sergio entende só de brigada de infantaria.
É bom que os democratas ou quase isso deste país espanem a letargia e, para ontem, comecem a usar as palavras certas para descrever o que está em curso. Em alto e bom som. A começar por Luis Roberto Barroso, que abriu esta porteira e deveria pôr a cara para tentar fechá-la, enquanto há tempo.