Eles atiram em crianças… não atiram? E aquela humilhação só por diversão?

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Trechos de um poema de Dan Almagor, que, tendo sido compositor de alguns dos hinos militares sionistas mais conhecidos, rompeu com a ideologia do apartheid de Israel e se tornou um dos mais importantes e questionadores dentre os poetas israelenses. Publicado no livro “O apartheid de Israel”, de Nathaniel Braia, editora Alfa-Omega.

A maioria deste povo deseja verdadeiramente
Colher em seus olivais
Como o fazem há séculos
A maioria deste povo deseja verdadeiramente criar seus filhos,
Não atirar pedras,
Ou coquetéis molotov
Mas, estudar em paz.
E levantar sua bandeira.
E correr com a bandeira e se emocionar com ela
Às lágrimas
Como nós fizemos, aquela noite, então emocionados,
E nós não temos, não temos, não temos
Nenhum direito no mundo
De roubar-lhe este desejo.
Esta bandeira,
Estas lágrimas,
Que sempre veem
E estão acima de todas as outras
Devemos começar a preparar nossa defesa!

Precisaremos dela muito em breve,
Todos que realmente fizeram
Todos que ainda o fazem
Todos que silenciaram
Todos os que nada disseram…

Sim todos receberemos esta convocação
Um dia… Quando serão julgados os coronéis.
Porque o julgamento dos coronéis se aproxima!
O julgamento dos generais, dos coronéis,
Das divisões, dos batalhões
Dos comandantes de pelotões.
Não há como escapar disso
É assim que a história funciona.
Que poderemos dizer?
Que poderão os coronéis, os capitães, os sargentos afirmar?
Que dirão?

De toda esta pancadaria,
Desta brutalidade,
Das casas explodidas,
E, acima de tudo,
Da humilhação
Daquela humilhação. De pacientes de hospitais retirados de seus quartos e
Obrigados a limpar pichações de muros
De velhos obrigados a retirar bandeiras de postes eletrificados
De velhos obrigados a retirar bandeiras e serem eletrocutados e caírem e quebrarem suas pernas.
Do velho aguadeiro
Ao qual os soldados forçaram a descer do seu burro
E montaram em suas costas, só por diversão.

Mesquinhos, arrogantes e estúpidos.
Quem nós pensamos que somos?
Quem nos deu o direito de sermos
Tão surdos, tão estúpidos?
De ignorar o óbvio:
Eles são humanos
Assim como nós, assim como nós
Ao menos, assim como nós éramos, há pouco mais de 40 anos
Não menos diligentes, não menos espertos.
Tão sensíveis, tão cheios de esperanças.

Eles amam suas mulheres e suas crianças.
Assim como nós, não menos.
E nossas crianças atiram nas crianças deles
Com balas de borracha e de chumbo, com gás.

O Estado palestino vai nascer
Vai nascer.
Não foi um poeta que escreveu isso.
É a história que o fará.
E as estações virão, e as estações podem vir,
E a vida seguirá como tão bem sabemos
Casamentos, nascimentos e falecimentos (do mesmo jeito)
Mas… e a vergonha diante disso?
E a vergonha?

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Comentários

Uma resposta

  1. Avatar de Rui Pizarro

    Belíssimo poema. Que o dia da libertação do povo palestino chegue, de uma vez!

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