“A tentativa de Operação Tabajara mostra o quão ridículo nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil”, disse Alexandre de Moraes nesta sexta-feira, 3, sobre aquilo que há quase dois meses já havia chegado ao seu conhecimento, mas que o Brasil talvez jamais viesse a saber, não fosse pelas mui tortas vias do senador Marcos do Val.
“Operação Tabajara”? “Ridículo”? Sextou – para o bolsogolpismo.
Quem precisa de um Flávio se temos um Alexandre tentando minimizar a gravidade do fato de o ex-presidente da República ter tramado usar um senador e o aparelho do Estado para gravar um ministro da instância superior do judiciário e presidente da autoridade eleitoral – o próprio Moraes – a fim de forjar um pretexto para anular uma eleição presidencial e levar a cabo um autogolpe?
Imagine se a Suprema Corte lá da matriz, lá na década de 1970, tivesse visto como quem assiste à premiada série de comédia “O Quinteto” o caso dos cinco homens que invadiram o edifício Watergate para instalar escutas na sede do Partido Democrata durante uma campanha eleitoral. Imagine se, em vez de obrigar Nixon a entregar as gravações originais, a Suprema Corte dos EUA tivesse minimizado o caso Watergate como reles “Operation Tabajara”.
Em tempo: quando o telefone de Bob Woodward tocou às nove da manhã do dia 17 de junho de 1972 e ele soube das prisões no edifício Watergate, fazia nove meses que Woodward trabalhava no Washington Post.
Nesta quinta-feira, 2, quando saiu na revista Veja a entrevista do senador Marcos do Val ao repórter Leonardo Vargas, completaram-se exatos oito meses da publicação, no dia 2 de junho de 2022, no Diário Oficial da União, da exoneração de Leonardo Vargas do gabinete de Marcos do Val.
