Quase um século depois de Washington Luis vencer uma eleição presidencial dizendo que “governar é construir estradas”, Jair Bolsonaro tentou fraudar uma eleição presidencial botando a PRF para obstruí-las. É o que nos lembra a prisão nesta quarta-feira, 9, do ex-diretor da PRF Silvinei Vasques.
Este crime indizível parecia um tanto deixado de lado, seja pela sucessão vertiginosa de crimes inimagináveis de Jair Bolsonaro, seja porque Silvinei Vasques deveria ter sido preso em flagrante no dia seguinte à eleição, mas não foi, para não melindrar os bolsonaristas, e foi, isto sim, curtir a aposentadoria, aos 48 anos de idade, ganhando R$ 18 mil.
O que nem a prisão de Vasques trouxe à baila, até agora, seja no noticiário, seja nos autos, é a ação conjunta da PRF com o Exército Brasileiro na ponte Rio-Niterói, na chegada a Niterói, no dia do segundo turno das eleições 2022, simultaneamente às blitze no Nordeste.
Niterói foi a única cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro onde Lula venceu no primeiro turno, com 147 mil votos, repetindo a dose no segundo, quando os niteroienses contribuíram com 162 mil votos para a candidatura democrática.
Por que o Exército pôs soldados na ponte Rio-Niterói em dobradinha com a PRF para “monitoramento de veículos” no segundo turno das eleições 2022, na entrada da única cidade fluminense com mais de 200 mil habitantes onde Lula havia vencido no primeiro turno, em dia de blitze da PRF direcionadas contra eleitores de Lula?
É provável que esta pergunta fique sem resposta. Já está permitido melindrar os bolsonaristas, mas só os civis.