Exatamente um mês após organizar o evento no qual Eduardo Bolsonaro disse que “professor doutrinador é pior que traficante”, o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) apresentou um projeto de lei que “obriga a realização de exames toxicológicos periódicos para ingresso e manutenção do cargo de professores das instituições de ensino das redes públicas municipais, estaduais, distritais e federais”.
No dia 9 de julho, Marcos Pollon estava ao lado de Eduardo Bolsonaro no palanque de um evento do Movimento Pró-Armas, do qual Pollon é fundador, quando Eduardo disse o seguinte:
“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior, porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa, enxergando a opressão em todo o tipo de relação. Fala que o pai oprime a mãe, a mãe oprime o filho e aquela instituição chamada família tem que ser destruída”.
Na última quarta-feira, 9, Marcos Pollon apresentou na Câmara o projeto de lei 3844/23 sob o argumento um tanto truncado de que “não podemos aceitar que esses profissionais que são a base da formação de indivíduos de bem para a sociedade, não o sejam ora esses que deveriam ser o exemplo devem ser impedidos de dar o exemplo negativo, e imediatamente afastados do convívio com os educandos se constatado o uso indevido de drogas ilícitas”.
Pollon escreve também na justificação do PL 3844/23 que “é necessário a preservação da integridade dos alunos ao não serem expostos educadores inaptos a magistério pelo uso de drogas ilícitas”.
O projeto de lei disparatado tem poucas chances de avançar. Mas é assim mesmo que funciona: quando for barrado, ou simplesmente esquecido, a extrema-direita voltará a subir em um palanque para dizer que a esquerda – ou “o globalismo”, ou “o sistema” – não deixa os “conservadores” defenderem as crianças de tudo aquilo que é “pior que traficante”.