Jair Bolsonaro na famigerada apresentação a embaixadores (Foto: Clauber Cleber Caetano/PR).

Na Hungria – na Hungria – uma ministra de Estado desembarcou do governo após um discurso inaceitável do presidente do país.

Nesta terça-feira, 26, a ministra húngara da Inclusão Social, Zsuzsa Hegedus, pediu demissão após Viktor Orbán dizer que os húngaros “não querem se tornar um povo mestiço” e fazer piada com as câmaras de gás nazistas.

Zsuzsa Hegedus saiu atirando:

“Não sei como você [Orbán] não percebeu que a declaração é pura retórica nazista digna de Joseph Goebbels. Depois de tal discurso, que contradiz todos os meus valores básicos, não tive outra escolha: tenho que romper com você”.

Zsuzsa Hegedus não é flor que se cheire. Não pode sê-lo quem há 20 anos convive com o notório fascista Orbán e aceita ser membro do seu governo, sua conselheira de longa data, para só agora descobri-lo intolerável.

Mas “descobriu”, e saiu. É provável que outros membros do governo húngaro façam o mesmo, menos por “valores básicos”, mais por cálculos políticos.

No Brasil, algo sobre a situação política atual chama atenção: por mais que a mídia corporativa e a oposição anunciem a todo momento que Jair Bolsonaro “está cada vez mais isolado”, ninguém – absolutamente ninguém – desembarca de Jair Bolsonaro, a menos de três meses da data marcada para a eleição.

Nenhum ministro, militar ou civil; nenhum funcionário do segundo escalão que seja; nenhum chefe militar; nenhum dos três principais líderes do Centrão – Arthur Lira, Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto.

Nem mesmo um tradutor de libras.

Mesmo após o famigerado discurso a embaixadores estrangeiros, em que Bolsonaro cometeu flagrante crime de lesa-pátria.

Para evitar que Bolsonaro tente bagunçar o coreto, desencadeando consequências imprevisíveis mesmo que não passe de uma tentativa, bastarão os recados do governo Biden; as juras do ministro da Defesa de amor à democracia, enquanto tenta à luz do dia sabotar as eleições; a profusão de notas de repúdio de entidades de classe?

Bastará aquela que promete ser a rainha de todas as notas de repúdio, a que está sendo articulada pela Fiesp?

Por que ninguém desembarca? Qual é o cálculo? Por que ninguém rompe, à vera, com Jair Bolsonaro?

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1 Comentário

  1. Talvez porque já tenham descoberto como fraudar as urnas ou o processo de totalização dos votos, dando vitória à Bolsonaro. Por que o Bolsonaro vem atacando o processo de votação com urnas eletrônicas, de longa data, e só nas últimas semanas surgem diversas pessoas/empresas/entidades defendendo o sistema de urnas eletrônicas? Muito estranho. Destaque-se que o TSE sempre combateu as acusações infundadas de Bolsonaro. As urnas eletrônicas são usadas há 25 anos no Brasil e nunca houve fraude. Se vier a acontecer fraude nessa eleição, pode-se concluir quem são os responsáveis pela fraude.

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