Em meio a uma intensa participação do ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, nas movimentações de Jair Bolsonaro contra as eleições, sob o pretexto da “vulnerabilidade” das urnas eletrônicas a ataques hackers, é sob o guarda-chuva da pasta que começa nesta quarta-feira, 20, aquele que é considerado o maior exercício de guerra cibernética do Hemisfério Sul.

Nesta quarta, das 10h00 às 16h00, militares e civis participam de uma competição chamada Mandabyte, de ataques hackers simulados do tipo Capture The Flag. A competição é constituída de desafios de níveis básico, intermediário e avançado nas áreas de redes, programação, exploração web, exploit (exploração de vulnerabilidades de hardwares e softwares), criptografia e forense computacional.

O Mandabyte 2022 dá largada à quarta edição do Exercício Guardião Cibernético. A primeira edição aconteceu em 2018 e o exercício foi realizado também em 2019 e 2021. A fase final do Guardião Cibernético 2022 está marcada para os dias 16 a 19 de agosto, com atividades em Brasília e São Paulo.

O Exercício Guardião Cibernético é conduzido pelo Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), organização militar do Exército Brasileiro.

O ComDCiber é chefiado pelo general Heber Garcia Portella, o representante das Forças Armadas indicado pela Defesa para a Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) do TSE. A CTE tem sido usada pelos militares como posto avançado no seio do TSE para questionamentos à credibilidade das urnas eletrônicas.

Kryptus

Uma das 11 empresas ou organizações certificadas pelo ComDCiber para dar apoio ao Guardião Cibernético 2022 é a multinacional brasileira Kryptus Segurança da Informação, que é credenciada pelo Ministério da Defesa como Empresa Estratégica de Defesa e que já havia participado do exercício em 2021.

O CEO da Kryptus, Roberto Alves Gallo Filho, também é membro da Comissão de Transparência Eleitoral do TSE. O currículo de Roberto Gallo no Linkedin informa que ele participou do desenvolvimento da arquitetura de segurança de hardware das urnas eletrônicas brasileiras.

A Kryptus é a fabricante de componentes de segurança do sistema eletrônico brasileiro de votação, os “HSMs (Hardware Secure Modules) certificados ICP-Br”, conforme referido em um ofício enviado em fevereiro pelo TSE ao general Heber Portella – o longo e conhecido ofício com o qual o tribunal respondeu a dezenas de questionamentos insidiosos dos militares sobre as urnas eletrônicas.

Trecho do ofício nº 537/2022, de 10 de fevereiro, enviado pelo TSE ao general Heber Garcia Portella, chefe do Centro de Defesa Cibernética do Comando de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro.

Em 2021, a Kryptos venceu licitação para fornecimento de tecnologias e segurança criptográfica para a Rede Operacional de Defesa, espinha dorsal do Sistema Militar de Comando e Controle.

Outro contrato da Kryptus com o Ministério da Defesa, este mais recente e por inexigibilidade de licitação, prevê fornecimento de “serviço de garantia e suporte técnico com evolução tecnológica dos appliances ASI-HSM AHX5 kNET Cryptographic Module (HSM kNET)” para o Centro Integrado de Telemática do Exército.

Sagres

Uma entidade chamada “Sagres” também aparece entre as 11 empresas ou organizações certificadas pelo ComDCiber para participar do Exercício Guardião Cibernético 2022.

Come Ananás solicitou ao Ministério da Defesa, ainda sem resposta, confirmação de que se trata do Instituto Sagres, um dos responsáveis – ao lado dos institutos Federalista e Villas Bôas – pelo plano de poder de longo prazo traçado nos círculos militares – o “Projeto de Nação”, que tem como um dos tópicos a “Defesa Cibernética do Brasil”.

O “Projeto de Nação” foi lançado em maio, em Brasília, com presenças do vice-presidente Hamilton Mourão e do Secretário-Geral do Ministério da Defesa, Sergio José Pereira.

O Instituto Sagres tem como figura de proa o general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva. No último 9 de julho, o general Paulo Sergio Nogueira, entre um outro ataques que tem feito às urnas eletrônicas, repercutiu por um aplicativo de mensagens um artigo do general Rocha Paiva intitulado “Lula presidente: ruína moral da nação e das instituições”.

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