Décadas de terrorismo de manual não são o bastante para classificar Israel como terrorista

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Todos os dias, desde o dia 7 de outubro, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), órgão da ONU, e a Defense For Children International – Palestine, organização independente credenciada pela ONU, publicam atualizações sobre o número de mortos, feridos e desaparecidos em Israel, Gaza e Cisjordânia.

O “Update 24” da OCHA, publicado nesta segunda-feira, 30, informa 8.309 palestinos mortos em Gaza e 121 na Cisjordânia desde o dia 7. A mais recente atualização publicada pela Defense For Children International – Palestine dá conta de 3.457 crianças palestinas mortas em Gaza, além de 1.050 desaparecidas.

São números como esses, de genocídio, que você vai ouvir na mídia brasileira nesta terça-feira, 31, mas sem a classificação de genocídio e acompanhados da observação “números que não podem ser confirmados de maneira independente”.

O motivo da desconfiança é que os números são fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza, onde o governo é do Hamas e a Folha de S.Paulo, por exemplo, anunciou no dia 9, dois dias após comandos do Hamas barbarizarem kibutzin, que o jornal passaria a tratar o Hamas como organização terrorista porque está no Manual da Redação que terrorista é aquele que “pratica violência indiscriminada contra não combatentes a fim de disseminar pânico e intimidar adversários”.

Setenta e cinco anos de violência indiscriminada contra não combatentes a fim de disseminar o pânico e intimidar o povo palestino não foram suficientes para a Folha classificar o Estado de Israel como terrorista, ou pelo menos como useiro e vezeiro do terrorismo de Estado.

De modo que os números de israelenses mortos e feridos desde o dia 7, basicamente no dia 7, estes são apresentados sem sinal de suspeição, por mais que há três quartos de século o Estado terrorista de Israel não faça outra coisa a não ser, além de matar, roubar, descolocar e intimidar, mentir.

Quanto aos mortos de Gaza, o que dirão os manuais sobre o destino de 2,3 milhões de deserdados da terra, metade crianças, confinados em 365 quilômetros quadrados que há quase três semanas vêm sendo ininterruptamente bombardeados com o que há de mais mortífero em matéria de poder de fogo?

A “confirmação” que a mídia espera sobre o número de palestinos mortos por Israel na Faixa de Gaza talvez seja que sobrem tão poucos palestinos vivos em Gaza que dê até para contar, ou quando Netanyahu em pessoa disser na ONU daqui a algumas semanas que Israel, no “direito de se defender”, matou foi pouco.

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