Quando o desgoverno Jair Bolsonaro fez 100 dias de vigência, algum Wajngarten da Secom e da vida botou na praça um logotipo no qual os dois zeros do número 100 formavam o símbolo do infinito – um reich para durar para sempre.

Agora, no Datafolha divulgado a 100 dias das eleições 2022, o cenário é de vitória de Luis Inácio Lula da Silva no primeiro turno, com 53% dos votos válidos.

Isto “se as eleições fossem hoje”; isto se as eleições acontecerem sob a normalidade possível neste país às voltas com o fascismo, com avisos de autogolpe e ainda sob as consequências – a rigor, ainda na vigência – do golpe de 2016.

Por faixa de renda, a maior vantagem de Lula sobre Bolsonaro, segundo o Datafolha desta quinta-feira, 23, é entre os mais pobres: 56% a 22%. Já Bolsonaro lidera as intenções de voto, e subindo, entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos e entre quem ganha mais de 10 salários mínimos.

No cotejo com a última pesquisa Datafolha, do fim de maio, Bolsonaro cresceu tanto na primeira faixa, entre 5 e 10 salários, saltando de 37% para 44%, quanto na segunda, mais de 10 salários, passando de 42% para 47%.

Entre uma pesquisa e outra aconteceram no Brasil as amplas repercussões da chacina de 23 pessoas pelo Bope-RJ e pela Polícia Rodoviária Federal na Vila Cruzeiro e do assassinato de Genivaldo de Jesus Santos numa viatura da PRF transformada em câmara de gás; a divulgação de dados informando que mais de 33 milhões de brasileiros estão passando fome; a escalada das movimentações autogolpistas de Bolsonaro, envolvendo os ministérios da Defesa e da Justiça; o duplo assassinado, incineração e esquartejamento de Bruno Pereira e Dom Phillips na Amazônia por bandidos de estimação de Bolsonaro; a Justiça negando o aborto a uma menina de 11 anos grávida por estupro, sob aplausos do bolsonarismo.

Só para ficar nos fatos e dados mais notórios do último mês que são altamente indicativos da barbárie e degradação geral das condições de vida; da Grande Marcha Para Trás em que meteram o Brasil em 2016, agravada ao meterem Jair Bolsonaro no poder.

Sobre o caso da menina de 11 anos que teve o aborto negado em Santa Catarina, o aborto finalmente foi feito, na última quarta-feira, 22. Na noite desta quinta-feira, 23, após a divulgação da pesquisa Datafolha, Bolsonaro anunciou que está mobilizando o Ministério da Justiça para perseguir “os envolvidos nesse processo que causou a morte de um bebê saudável”.

Aguardemos, então, o próximo Datafolha. Mas só para medir o grau de penetração da violência, do fascismo e da ignorância, como diria Marilena Chauí, nos setores mais bem remunerados da classe média brasileira e nos de fato “mais ricos”.

É que, neste país cravejado de desigualdade, eles são apenas 11% da população.

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