A Holanda registrou nesta terça-feira, 2, aumentos de 40% nas infecções e de 31% nas hospitalizações por causa da covid-19, nos números semana a semana. A maioria das novos internados por covid é de não vacinados.
Num macabro déjà-vu dos piores momentos da pandemia, os hospitais holandeses já precisam, de novo, reduzir os atendimentos eletivos para dar conta dos casos mais graves de infecção por Sars-Cov-2.
A situação levou o primeiro-ministro Mark Rutte a convocar uma entrevista coletiva que foi transmitida ao vivo nesta terça na TV holandesa. Na entrevista, Rutte anunciou a volta do uso obrigatório de máscaras no comércio e espaços públicos, como estações de metrô.
Mark Rutte anunciou também o aumento da exigência do passaporte de vacinação em lugares como museus, academias e restaurantes, e fez um apelo – outro déjà-vu – para que as pessoas trabalhem em casa pelo menos meio período.
Menos de dois meses após a Europa Ocidental derrubar a maioria das medidas restritivas contra a disseminação do SarS-Cov-2, no passo do avanço da vacinação, a Holanda é um dos primeiros países da região a voltar com medidas restritivas diante dos sinais de mais um rebote da doença.
Na Holanda, onde 84% da população adulta está vacinada com duas doses ou dose única contra a covid-19, este rebote de casos e internações ainda não se refletiu num aumento do número do mortes. Algo semelhante acontece em Portugal, onde 86% da população adulta está vacinada. Mas se os sistemas de saúde voltarem a ficar sobrecarregados, isto pode mudar.
Possivelmente o tempo de queda da proteção proporcionada pelas vacinas contra o agravamento da doença, numa espécie de interlúdio imune antes da massificação da dose de reforço, está coincidindo com o relaxamento das medidas restritivas.
Na Alemanha, onde as vagas de UTI estão acabando outra vez em algumas regiões, o ministro da Saúde, Jens Spahn, disse que o ritmo atual das doses de reforço é insuficiente. Além disso, o país, segundo Spahn, vive uma verdadeira “epidemia de não vacinados”, principalmente na faixa etária de 18 a 59 anos. Apenas 66% dos alemães completaram o primeiro ciclo vacinal contra a covid-19 (primeira e segunda doses ou dose única).
Já o Reino Unido registrou nesta terça 293 mortes por covid-19. Foi o dia mais letal da doença desde fevereiro, no somatório dos números da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. O vice-diretor médico da Inglaterra, Jonathan Van-Tam, fez um alerta: “muitos acreditam que esta pandemia acabou. Eu sinto que vêm aí alguns meses difíceis no inverno. Isto ainda não acabou”.
Na Rússia, que tem hoje o pior surto de covid-19 em todo o mundo, os números oficiais desta terça deram conta de 40.443 novas infecções por Covid-19 e 1.189 mortes em 24 horas.
Na Ucrânia, que tem um terço da população da Rússia e onde não chega a 20% o índice de vacinados, foram registrados nesta terça 23 mil novos casos e 720 mortes por covid-19. O ministro da Saúde ucraniano, Viktor Lyashko, foi outro que deu entrevista coletiva televisionada, quando disse:
“Acredite em mim, esse espírito antivacinação desaparece rapidamente nas unidades de terapia intensiva”.