Capitão Fome (Foto: Isac Nóbrega/PR).

Há pouco mais de dois meses, no dia 3 de abril, o Estadão abriu a temporada dos editoriais irresponsáveis sobre as eleições publicando o editorial irresponsável “Catástrofe contratada”, no qual, no afã de botar Lula na mesma prateleira de Bolsonaro – “forças do atraso” – chegou mesmo a ligar “tanto um quanto outro” à insegurança alimentar no Brasil.

Para o Estadão, que tem uma agência de “checagem de fatos e desmonte de boatos”, parece ser irrelevante que o governo Lula tenha tirado o Brasil do Mapa da Fome e que o país tenha voltado ao Mapa da Fome após o golpe apoiado pelo jornal em 2016.

Pois o número de pessoas hoje no Brasil em situação de “insegurança alimentar grave”, a famosa fome, passa de 33 milhões – mais de 15% da população brasileira -, duplicando em menos de dois anos. É o que mostra o Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil, divulgado nesta quarta-feira, 8. Quase 60% dos brasileiros convivem com insegurança alimentar em algum grau.

Há dois dias, na segunda-feira, 6, o UOL mostrou que, mesmo em meio ao avanço da fome no país, o desgoverno Bolsonaro praticamente zerou, destruiu o programa Alimenta Brasil, criado no primeiro ano do governo Lula.

Enquanto a fome avançava, a mídia brasileira prestava um tributo à indigência ao cobrir com um noticiário algo desnutrido (se comparado à tinta gasta na desolação dos CEOs na pandemia ou em encantos com qualquer bafejo privatista de Paulo Guedes) sobre o flagelo que o Brasil conseguira vencer, mas que ressuscitou rápido e mortal após a Lava Jato, impeachment de Dilma, inelegibilidade de Lula, ascensão bolsofascista – as quatro fases de um golpe que ainda não terminou e se insinua para entrar na quinta, o autogolpe anunciado de Jair Bolsonaro.

É antológica uma reportagem da Folha de S.Paulo, de agosto de 2021, sobre o “burnout do alto escalão”, a exaustão dos CEOs que na pandemia passaram a comer não menos, mas a comer mais… Coitados.

Anônimos na reportagem, quem sabe entre os altos executivos ouvidos pela Folha não estava algum da operação da Cargill no Brasil.

A transnacional Cargill controla 70% do mercado agrícola global. Em 2021, a Cargill conseguiu seu maior lucro na história – US$ 5 bilhões – e deve bater essa marca em 2022. A família Cargill, sozinha, tem mais de 12 bilionários – eram 8 antes da pandemia. Em 2021, a operação da Cargill no Brasil registrou recorde de faturamento em seus 57 anos de presença no país: mais de R$ 100 bilhões – 50% a mais do que em 2020.

Em meio a tudo isso, a todo esse desespero, a toda essa injustiça, Luis Inácio Lula da Silva vem sendo pressionado por gente da própria campanha – e pela Folha também – a não lembrar em discursos aos brasileiros do tempo em que trabalhadores comuns podiam levar à brasa uma peça de picanha, para não contrariar os veganos.

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