Em relatório divulgado neste domingo, 22, e intitulado “Lucrando com a dor”, a Oxfam informa o seguinte sobre o “setor de alimentação”:
“Os bilionários desse setor tiveram sua riqueza coletiva aumentada em US$ 382 bilhões nos últimos dois anos – um aumento de 45%. Durante a pandemia 62 novos bilionários surgiram no setor. Juntamente com apenas outras três empresas, a família Cargill controla 70% do mercado agrícola global. Em 2021, a Cargill conseguiu seu maior lucro na história – US$ 5 bilhões – e deve bater essa marca em 2022. A família Cargill, sozinha, tem mais de 12 bilionários – eram 8 antes da pandemia”.
Dados divulgados dias antes pela ONU mostram que, no mesmo período, o números de pessoas em situação de “insegurança alimentar grave”, também conhecida como passar fome, pulou de 135 milhões para 276 milhões – mais que duplicou.
A Cargill, não obstante, tem hoje mais de 600 mil pessoas em 14 países participando dos seus programas de… educação nutricional, para a promoção de hábitos alimentares saudáveis, mais ou menos como os trabalhadores semi-escravizados nas masmorras têxteis de Bangladesh sempre podem tomar tento nesta vida matriculando-se em algum curso de educação financeira da American Express.
Em 2021, a operação da Cargill no Brasil registrou recorde de faturamento em seus 57 anos de presença no país: mais de R$ 100 bilhões – 50% a mais do que em 2020. Hoje, mais de 20 milhões de pessoas passam fome no Brasil.
10 e 3,1 bilhões
Outros dados do estudo da Oxfam divulgado neste domingo:
“O mundo poderá ter um milhão de pessoas empurradas para a pobreza extrema a cada 33 horas em 2022, quase a mesma velocidade do surgimento de novos bilionários durante a pandemia (um a cada 30 horas)”.
“Os 10 homens mais ricos do mundo têm mais riqueza do que a combinação de 40% da população mais pobre (equivalente a 3,1 bilhões de pessoas)”.
E tome racismo, xenofobia, chauvinismo, ódio de classe, além de armas de fogo, muitas armas de fogo (pacote também conhecido como fascismo), como o outro lado da moeda de tanta barriga vazia, degradação das condições de vida, miséria, desigualdade – de tanta injustiça.
Este artigo é dedicado a todos que em algum momento da pandemia acreditaram mesmo que dela iria emergir “um mundo melhor”.