As críticas de Lula a Roberto Campos Neto e à “independência” do Banco Central, combo peçonhento legado pelo bolsoguedismo, estão ferindo os brios neoliberalescos de certas figuras destacadas da mídia. No primeiro “mesversário” do 8/1, com o terror da extrema-direita ainda fresquinho, duas delas perderam a linha ao nível do infame editorial “Jair Rousseff”, da Folha de S.Paulo.
A primeira, na GloboNews, citou na manhã desta quarta-feira, 8, uma “fonte” de quem teria ouvido que as manifestações de indignação de Lula com o combo do bolsoguedismo no Banco Central seria a mesma coisa que as imisções de Jair Bolsonaro na política de preços da Petrobras.
A comparação, estapafúrdia, é entre uma movimentação política legítima, mas que a mídia não aceita porque o bolsoguedismo realizou seu sonho de um FMI doméstico, e um caso escancarado de abuso de poder político com fins eleitorais. Crime, portanto. Mas sobre esse pequeno detalhe a “fonte” de Valdo Cruz não disse nem uma palavra.
A outra figura, no fim do dia, na mesma GloboNews, foi ainda mais ousada, comparando irresponsavelmente o “bolsonarista raiz” ao “petista raiz”, demônio este, pelo visto, ainda mais pernicioso que o primeiro.
Isto porque, a exemplo da primeira figura, esta segunda também consultou o amigo de primo de alguém e disse, citando uma “fonte”, que nos EUA abundam “fundos” prestes a investir no Brasil, prontos para fazer deste solo a terra do leite e do mel, mas que agora puxaram o freio de mão, porque Lula estaria dando ouvidos àquele pequeno diabinho.
São as mesmas figuras que, quando brasileiros tombavam feito moscas por causa do combo vírus + verme, sempre arranjavam um tempinho de TV para reclamar que Bolsonaro e Paulo Guedes não cumpriam a promessa de avançar com as privatizações.
Certa mídia é, acima de tudo, muito previsível – em sua irresponsabilidade contumaz.
E olha que Carlos Alberto Sardenberg nem está mais lá, na casa que nunca desliga.