A organização da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow) anunciou neste sábado, 29, o cancelamento da cerimônia de abertura da feira, da qual a Agrishow havia desconvidado o ministro da Agricultura, Carlos Favaro, para convidar Jair Bolsonaro. “Agro é tudo” e, numa pulsão de perversão, os ruralistas não puderam evitar o convite a quem nas duas últimas edições da Agrishow proporcionou ao “agro” tanto prazer.
A abertura da edição de 2019 da Agrishow aconteceu no dia 29 de abril daquele ano. Naquele dia, Jair Bolsonaro, prestes a completar quatro meses na presidência da República, subiu no palco da Agrishow e anunciou para uma plateia de ruralistas que havia determinado ao seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, “uma limpa” no Ibama e no ICMBio, a fim de acabar com o que chamou de “fiscalização xiita”.
Foi aplaudido pelo “agro”.
Depois de anunciar “uma limpa” no Ibama e no ICMBio, a título de “tirar o Estado do cangote de quem produz”, Bolsonaro prometeu, no palco de abertura da Agrishow 2019, “excludente de ilicitude” para o produtor rural que recebesse à bala quem quer que pusesse os pés em seu latifúndio.
“Para que o outro lada tema vocês”, disse, dando a senha para banhos de sangue no campo.
Foi aplaudido pelo “agro”.
Em 2020 e em 2021 a Agrishow não aconteceu, por causa da pandemia.
Em 2022, foi na abertura da Agrishow que Jair Bolsonaro ameaçou não cumprir uma eventual decisão do STF sobre o marco temporal das terras indígenas: “me resta duas coisas: entregar as chaves para o Supremo ou falar que não vou cumprir”.
Foi aplaudido pelo “agro”.
Agro é “limpa”. Agro é bala. Agro é golpe.
Parabéns, caro Hugo, para defenestrar tiranos como o Bolsonajoias é preciso lutar com o empenho e vigor que dedica corajosamente.