Deputada Julia Zanatta (PL-SC), a "antifeminista de fuzil" (Foto: Reprodução/Redes sociais).

Está marcado para daqui a uma semana, na próxima quinta-feira, 9, na Câmara dos Deputados, um encontro de colecionadores de armas, atiradores e caçadores – o chamados CACs -, além de donos de clubes de tiro e importadores de pistolas e fuzis.

O encontro está sendo organizado pelo deputado reeleito Eduardo Bolsonaro e pelos deputados estreantes Julia Zanata e Marcos Pollon, todos atiradores, todos do PL.

Eduardo Bolsonaro dispensa apresentações, mas, diante do iminente encontro de atiradores em pleno Congresso Nacional, com o 8/1 ainda fresco, não custa lembrar uma das últimas do 03: após o primeiro turno das eleições 2022, Eduardo convocou o sujeito que é dono de clube de tiro e/ou CAC para se tornar “voluntário de Bolsonaro”.

Eleita por Santa Catarina, Julia Zanatta se apresenta como “antifeminista do fuzil” e, quando candidata, chegou a distribuir panfletos nas ruas associando a candidatura de Lula ao PCC. Senhoras e senhores, esta é Julia Zanatta pedindo votos a poucos dias das eleições 2022:

Durante a campanha eleitoral, Marcos Pollon (MS) associou o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, ao PCC, além de dizer que as urnas eletrônicas estavam adulteradas para mudar votos. Após a eleição, Pollon incitou golpe de Estado nas entrelinhas, nada de “manifestação expressa de ruptura”, “de forma que dificulte os censores”.

Pollon é fundador da maior organização armamentista do Brasil, o Movimento Pró-Armas, e há anos vem percorrendo o Brasil vinculando a compra de armas à atuação política; pregando, por exemplo, que:

“Quando você toma a decisão de comprar uma arma, antes mesmo de tocar nela, você tomou um decisão irrevogável: você não vai ser mais vítima, e a partir daquele momento, qualquer injustiça vai calar fundo no seu peito, e você reage. Você reage ao ‘luladrão’, você reage à corte que está querendo destruir o país. Temos que reagir. Não temos tempo nem espaço para ter medo. Se nós não nos levantarmos agora, se nós não reagirmos agora, não vai sobrar nada”.

Desde a eleição de Lula, Pollon vem dizendo que não será oposição ao novo governo, mas sim ao “novo regime”.

‘Defesa do Povo’

Sob a alegação “defender nosso esporte e lazer”, Eduardo Bolsonaro, Julia Zanatta e Marcos Pollon convidam os atiradores e simpatizantes interessados em participar do “Encontro com Indústria de Defesa”, na próxima quinta, no auditório Nereu Ramos, Anexo II da Câmara dos Deputados, a se inscreverem no site “Defesa do Povo”.

Sob a alegação de “discutir a fiscalização das inserções de propagandas politicas eleitorais”, realizou-se no dia 30 de novembro do ano passado no Anexo II, Ala Senador Nilo Coelho, Plenário 6 do Senado da República uma sessão de inaceitação da eleição de Lula que contou com as presenças ilustres, na plateia, dos terroristas George Washington Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues, que menos de um mês depois, na véspera de Natal, tentaram explodir uma bomba no aeroporto de Brasília.

Uma consulta às notas taquigráficas mostra o organizador e presidente da sessão, senador Eduardo Girão, saudando outra ilustre presente: “eu queria registrar a presença da Deputada eleita Júlia Zanatta. Seja muito bem-vinda a esta Casa!”.

99 contra o ‘nine’

Naquele 30 de novembro, deputados do PL disseram o seguinte, em pleno Senado da República:

“Como que com 279 mil urnas, correspondendo a quase a 60% do total, apresentam inconsistência e nessas urnas o ex-Presidente Lula ganha por 52% de votos? E nas urnas novas, a partir de 2020, as urnas que têm a sua própria identificação e que são auditáveis, o Presidente Bolsonaro ganha a eleição por 51% dos votos? Será que o modelo de urna é capaz de ditar o comportamento do eleitor brasileiro?” (Marcelo Alvaro Antonio, de Minas Gerais).

“Nem a esquerda acredita que eles ganharam, porque eles não ganharam essa eleição. Porque, se ganharam a eleição, onde é que estão os eleitores? Onde estão os 60 milhões de brasileiros que votaram em Lula? Não existem” (Sanderson, Rio Grande do Sul).

“Não foi a população brasileira que escolheu o Lula como Presidente, quem escolheu foi o sistema eleitoral. E, na minha opinião, nós temos, sim, elementos suficientes para derrubar essa eleição de mentirinha que aconteceu aqui no Brasil” (Marcelo Moraes, Rio Grande do Sul).

“Eu me dirijo a cada um de vocês e ao povo brasileiro é sobre o fato de, se realmente esta quadrilha assumir o poder, porque eu ainda tenho as minhas dúvidas e eu espero que o povo brasileiro tome providência nesse sentido” (Eder Mauro, Pará).

Marcelo Alvaro Antonio, Sanderson, Marcelo Moraes e Eder Mauro foram reeleitos, eleitos para a 57ª legislatura. A eles se juntam Julia Zanatta e Marcos Pollon, entre outros, na maior bancada partidária do Congresso Nacional em 24 anos, a do PL de Jair e Eduardo Bolsonaro, com nada menos que 99 deputados.

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