Em 2022, o então comandante da Marinha, Almir Garnier, pôs sua tropa à disposição de Jair Bolsonaro, para o golpe, segundo delação de Mauro Cid. Em 2023, o atual comandante da Marinha, Marcos Olsen, pôs um dos militares da confiança de Bolsonaro para ser seu assessor.
O almirante Flavio Rocha ocupou a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República de março de 2021 até o fim do governo Bolsonaro. Antes, Rocha havia servido a Bolsonaro na Secretaria de Assuntos Especiais da presidência e chegou chefiar interinamente a Secom, após a saída de Fábio Wajngarten.
Enquanto atuou no governo passado, o almirante foi classificado pela imprensa como “sombra” de Bolsonaro, por participar de praticamente todas as reuniões do então do presidente; de “homem secreto” de Bolsonaro, por seu protagonismo de bastidores; e de “chanceler paralelo” de Bolsonaro, por fazer mais viagens oficiais ao exterior do que o próprio ex-ministro das Relações Exteriores Carlos França.
Em junho do ano passado, a repórter Daniela Pinheiro, do UOL, abordou Flávio Rocha em um evento em Lisboa, no âmbito de uma das muitas missões internacionais do almirante. Perguntado pela repórter sobre a hipótese de Bolsonaro não conseguir se reeleger, o “sombra” de Bolsonaro respondeu o seguinte:
“Se perder, em dois anos a desgraça será muito grande. Porque o Bolsonaro estava fazendo as coisas que o Temer começou, tipo reforma trabalhista, teto de gastos, o Brasil estava caminhando. E Lula vai parar tudo o que ele fez. Vai desfazer item por item. Eu não admito a mídia apoiar um ladrão desses”.
No mês seguinte, em julho, o “chanceler paralelo” de Bolsonaro participou da reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, quando Bolsonaro tentou descreditar a nível internacional o sistema brasileiro de votação eletrônica. O almirante estava na segunda fila dos lugares reservados, sentado entre o general Braga Netto e o então presidente do Superior Tribunal Militar, general Luis Carlos Gomes Mattos, que estava fardado.
“Homem secreto” de Bolsonaro, o almirante Flavio Rocha participou de pelo menos uma das reuniões secretas que Bolsonaro teve com a cúpula das Forças Armadas após as eleições para discutir se davam ou não davam golpe. Foi no dia 14 de novembro, junto ainda com Braga Netto e Anderson Torres. Dois dias após esta reunião, Mauro Cid recebeu um estudo sobre o (inexistente) “poder moderador” das Forças Armadas.
No último 13 de março, saiu no Diário Oficial da União que o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, no uso de suas atribuições, “resolve nomear, por necessidade do serviço, o almirante de esquadra Flavio Augusto Viana Rocha para o cargo de Assessor do Comandante da Marinha”.
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