Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto (Foto: Raphael Ribeiro).

A ata da 253ª reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) é na verdade uma súmula, relatório, registro, testemunho da diligência por tutela sobre a política econômica do governo que saiu das urnas por parte de Roberto Campos Netto, bolsonarista que nunca recebeu um voto sequer na vida.

Diz a ata do Copom divulgada na manhã desta terça-feira, 28:

“O Comitê avalia que o compromisso com a execução do pacote fiscal demonstrado pelo Ministério da Fazenda, e já identificado nas estatísticas fiscais e na reoneração dos combustíveis, atenua os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação no curto prazo. Ademais, o Comitê seguirá acompanhando o desenho, a tramitação e a implementação do arcabouço fiscal que será apresentado pelo Governo e votado no Congresso. O Copom enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal, uma vez que a primeira segue condicional à reação das expectativas de inflação, às projeções da dívida pública e aos preços de ativos. No entanto, o Comitê destaca que a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos”.

Traduzindo: além de se arvorar em superintendente até da política de combustíveis, o Copom intenta – agora por escrito, praticamente de ofício – fazer as vezes de Conselho de Administração do Ministério da Fazenda, reivindicando o poder da última palavra para órgão supostamente “autônomo”, dito “independente”, não obstante sob a chefia de turno do tesoureiro do fascismo à brasileira.

Na ata, o Copom ameaça com a manutenção de juros altos de resto se o governo optar por “adoção de políticas parafiscais expansionistas”, em clara tentativa de controle também do BNDES; em clara tentativa de controle sobre a prerrogativa governamental de optar, de decidir, ou seja, de governar.

Já Roberto Campos Neto, presidente com mandato, mas sem votos, do Banco Central do Brasil, mas não do Brasil; Campos Netto, dizíamos, segue optando, decidindo à vontade, voltando a dizer “não” a um país que grita por crescimento e investimentos públicos. Na ata da 253ª reunião do Copom, aparecem três vezes a expressão “o comitê optou” e uma vez a expressão “o Copom decidiu”, esta:

“O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano”.

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