General Braga Netto (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

Um vídeo viral levou o furtivo general Walter Souza Braga Netto aos trending topics do Twitter na manhã desta sexta-feira, 18.

No vídeo, o candidato a vice na chapa derrotada no segundo turno da eleição presidencial aparece dizendo assim a um grupelho golpista reunido na entrada no Palácio da Alvorada, onde Jair Bolsonaro ora inverna, em plena primavera: “Vocês não percam a fé. É só o que eu posso falar pra vocês agora”.

Ainda no vídeo, uma mulher reclama com Braga Netto que “a gente tá na chuva, tá no sol”, numa referência às concentrações que acontecem desde o início de novembro na frente de quartéis para pedir golpe militar contra a vitória eleitoral de Luis Inácio Lula da Silva. O general tentou reconfortá-la nestes termos: “A senhora fica… Tenta… Tem que dar um tempo, tá bom? Eu não posso… conversar…”.

O vídeo foi gravado por volta das 9h30 desta sexta pela empresária Daniela Duarte Marasca, da cidade gaúcha de Venâncio Aires, que fica a 130 quilômetros de Porto Alegre. “Filmei Braga Neto tranquilizando os corações dos brasileiros”, disse Daniela em um post no Twitter.

Em Venâncio Aires aconteceu um dos primeiros bloqueios de rodovias após o segundo turno das eleições, ainda na noite do dia 30 de outubro, no quilômetro 80 da RS-287, próximo ao restaurante Casa Cheia.

Em outro vídeo, gravado no dia 3 de novembro, Daniela Marasca aparece dizendo-se “à frente das manifestações que estão ocorrendo na nossa cidade”, e pedindo mantimentos e dinheiro: “Nós estamos localizados ali na RS-287, em frente ao Casa Cheia. Estamos precisando de ajuda para dar apoio aos caminhoneiros que quiserem parar. Comida e bebida não vão faltar pra eles”.

Nesta sexta, além do vídeo, Daniela Marasca publicou em suas redes sociais uma foto em que ela aparece abraçada a Braga Netto na frente do Alvorada. Além de Daniela, seu marido, Maciel Marasca, também aparece na foto abraçado ao general.

Maciel Marasca, Braga Netto e Daniele Duarte Marasca (Foto: reprodução/redes sociais).

Maciel é vice-presidente e diretor industrial da Tabacos Marasca, empresa de fumicultura baseada em Venâncio Aires que é uma das 100 maiores exportadoras do Rio Grande do Sul.

A Tabacos Marasca é também uma das 166 empresas de todo o país que em outubro foram denunciadas a centrais sindicais pelo crime de assédio eleitoral. Em todos os casos as denúncias são contra patrões que tentaram coagir seus funcionários a votarem em Jair Bolsonaro.

Na primeira foto, Maciel Marasca (primeiro à esquerda) com Hamilton Mourão.; na segunda, Jair Bolsonaro segurando uma pintura com o logotipo da Tabacos Marasca, um presente de Maciel (Fotos: reprodução/redes sociais).

‘QG do golpe’

Ainda nesta sexta, o portal Metrópoles publicou uma reportagem de Sarah Teófilo e Rodrigo Rangel mostrando como uma casa no Lago Sul de Brasília que foi alugada para sediar o comitê da campanha de Bolsonaro acabou, após as eleições, transformada em local de reuniões bolsonaristas para definir estratégias de contestação do resultado das urnas.

As reuniões, segundo o Metrópoles, são comandadas por Braga Netto.

Horas antes de a reportagem ser publicada, o Metrópoles flagrou um homem entrando na casa usando uma camiseta com inscrições pedindo intervenção militar. Uma Amarok que no fim do dia foi vista estacionada na frente do QG do Exército estava, mais cedo, estacionada na frente da casa do Lago Sul encimada com a bandeira nacional.

Neste sábado, 19, Dia da Bandeira, Maciel e Daniela Marasca engrossaram a concentração golpista na frente do QG do Exército, em Brasília.

Apesar da grande repercussão da reportagem do Metrópoles sobre um outro QG, o “QG do golpe” comandado por um general da reserva, Braga Netto ainda não foi – nem vai – parar onde deveria estar, em flagrante, por crimes contra o Estado Democrático de Direito. O general foi parar, isto sim, de novo, no fim da tarde desta sexta, nos trending topics do Twitter, para lá virar a noite e lá durar por todo o sábado.

Voltou e lá ficou, assim:

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