Do jornal portenho Página 12, sobre a escalada do ódio político na Argentina, cujo ápice, até agora, ocorreu na noite desta quinta-feira, 1º, quando um homem apontou uma arma para a cabeça da vice-presidente Cristina Kirchner, a centímetros de distância, em circunstâncias ainda carentes de esclarecimentos.

A vice-presidente tornou-se um alvo relativamente fácil no contexto da violência verbal, política e judicial desencadeada contra ela. Há dez dias, após a declaração histriônica do promotor Diego Luciani, grupos de ” republicanos autoconvocados” se dirigiram à Juncal com Uruguai, com megafones, gritando contra CFK, exibindo todos os insultos possíveis e pedindo sua prisão. O ódio subiu a níveis incomuns.

Imediatamente houve uma forte reação de militantes e simpatizantes que se aglomeraram espontaneamente em frente à casa da ex-presidente e encheram a esquina todos os dias e todas as noites. Para os especialistas em segurança, essa mobilização também aumentou os riscos devido ao movimento permanente de pessoas na área.

O ponto alto foi no sábado, quando a prefeitura de Buenos Aires, de forma inusitada, tentou bloquear o apoio a CFK erguendo cercas. A ação despertou a indignação de quem estava lá e desencadeou uma repressão feroz, com caminhões hidrantes, infantaria avançando contra os manifestantes e homens fardados e civis filmando e fotografando os apoiadores de Cristina.

As coisas se acalmaram quando a vice-presidente subiu em um palco improvisado e se dirigiu à multidão. Isso também fez dela um alvo em movimento, por exemplo, para alguém que quisesse atirar nela de uma sacada.

As saídas e chegadas de Cristina à sua casa tornaram-se momentos muito críticos do ponto de vista da sua segurança pessoal, porque se aproximou muito de todos que a quiseram cumprimentar. CFK, como Nestor antes, sempre foi incontrolável para os seguranças e parece claro que uma segunda linha de seguranças deveria estar mais atenta, pois o indivíduo estava a centímetros da cabeça do vice-presidente e ocorreu o milagre de a arma não disparar.

Nenhum presidente ou ex-presidente, desde a volta da democracia, esteve tão perto de ser vítima de um assassinato e tudo indica que o ocorrido é produto do clima de perseguição que prevalece no país. O clima de violência verbal criou o terreno fértil para o atentado que, felizmente, não terminou em tragédia.

Após o choque, a Argentina será um país diferente nesta sexta-feira. 

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