Em seu livro “Medo – Trump na Casa Branca”, Bob Woodward narra uma reunião entre Donald e Steve Bannon, entre outras figuras, no Trump National Golf Club, 60 quilômetros a oeste de Nova Iorque, durante a campanha eleitoral de 2016 nos EUA:

“Trump chegou e sentou. Cachorros quentes e hambúrgueres foram servidos. A dieta dos sonhos de um garoto de onze anos, pensou Bannon, enquanto Trump devorava dois cachorros-quentes”.

Sempre que visita a Academia Militar das Agulhas Negras, onde se formou em 1977, Bolsonaro não falha em devorar cachorros-quentes, mesmo com o intestino sambado, após o episódio da facada, num food truck que fica a poucos metros do portão monumental da Aman. Ali, na cidade de Resende, o food truck é conhecido como “cachorro quente do presidente”.

Mas parece que do lado de dentro das colunas de Hércules, que dão acesso à Aman, também há um quê de trumpismo alimentar.

Segundo dados do Portal de Compras do Governo Federal, em fevereiro do ano passado o Comando do Exército comprou para a Aman quase 180 mil unidades de cheese-burgueres hot pocket, com “aroma idêntico ao natural”, “realçador de sabor glutamato monossódio” e “corante vermelho de beterraba”.

Foram comprados mais precisamente 179.960 x-burgueres do tipo pronto, para serem aquecidos em forno microondas, a fim de forrar os estômagos dos cadetes ao longo de 2021, ao preço unitário de R$ 6,12. No total, o Exército gastou mais de um milhão e 100 mil reais em hot pockets em sua última grande compra para abastecer o rancho da Aman.

Quando repercutiram as compras milionárias de leite condensado e chiclete pelo Exército, um ano atrás, o Ministério da Defesa soltou uma nota de esclarecimento garantindo que “as Forças Armadas têm a responsabilidade de promover a saúde da tropa por meio de uma alimentação nutricionalmente balanceada, em quantidade e qualidade adequadas, composta por diferentes itens”.

No mesmo pregão dos hot pockets, o Exército comprou para a Aman 125 mil pacotes de biscoito waffer, 30 mil achocolatados em caixinha e nada menos que 150 mil latas de 350 ml ou garrafas de dois litros de refrigerante, a maioria do tipo cola, entre outros diferentes ítens de alimentação balanceada.

Barba e frutos do mar

Quando Bolsonaro se formou na Aman, em 1977, ainda não havia microondas no Brasil. Hoje em dia, neste ritmo de hot pockets, cocas e todinhos, os cadetes podem acabar desenvolvendo sérias doenças intestinais, e nem todos poderão se tratar no Vila Nova Star, com aquele doutor que ensina a mastigar 15 vezes cada garfada.

Mas nem só de guloseimas e xaropes, claro, são feitas as relações de itens das compras do Exército. Há também os camarões, ainda que nenhum edital discrimine se eles são para o rancho da tropa ou para os banquetes balanceados do oficialato.

Na compra do ano passado para a Aman, foram 600 quilos de camarão rosa e outros 600 de camarão sete barbas, entre outros frutos do mar, se é que vocês me entendem. Apesar da “polarização”, o Exército de Caxias falou em barba e em outros frutos do mar num mesmo edital. Enfim, alguma estabilidade na República.

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