Neste domingo, 9, em um evento do Movimento Pró-Armas em Brasília, falando para atiradores incitados pelo Pró-Armas à compra de armas de fogo para “defender a família”, o deputado federal Eduardo Bolsonaro açulou isso aqui também:
“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior, porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa, enxergando a opressão em todo o tipo de relação. Fala que o pai oprime a mãe, a mãe oprime o filho e aquela instituição chamada família tem que ser destruída”.
No carro de som, ao lado de Eduardo Bolsonaro, estava o fundador do Pró-Armas, o também deputado federal Marcos Pollon (PL-MS), maior liderança CAC do Brasil.
CAC, para quem ainda não se acostumou, é sigla de Colecionador, Atirador desportivo e Caçador – de javalis. Horas antes do IV Encontro Pró-Armas, um homem de 46 morreu durante com um tiro de espingarda na zona rural do município paulista de São João de Iracema. Ele teria sido confundido com um javali. A caça do javali é proibida no estado de São Paulo. O caçador fugiu.
No mesmo discurso de domingo para os CACs, Eduardo Bolsonaro disse ainda que a vinculação que vem sendo apontada do Pró-Armas com o 8/1 é sinal de “excelente trabalho” da organização armamentista. E ainda deu tempo de Eduardo se dirigir assim ao público:
“Eu acho que foi a Gal Costa que tomou um processo porque entregou uma arma sua para um segurança fazer a vigilância no entorno da sua casa. Isso daí é um crime de porte ilegal de arma. A esquerda poderia dar um belo exemplo e processar a Gal Costa. Poxa, entregou sua arma para outra pessoa fazer a vigilância em volta da sua casa? Mas não. Eles protegem os deles. Nós temos que proteger os nossos também, não para ficar acobertando crime, mas para podermos sobreviver”.
Gal Costa morreu no ano passado. Que se tenha notícia, Gal morreu sem jamais ter sido processada por porte ilegal de arma de fogo. Eduardo Bolsonaro “se confundiu” também. Deve ser mal de CAC.
Neste fim de semana, enquanto Eduardo Bolsonaro se empoleirava em um carro de som do armamentismo para sugerir professores como alvo, e para sugerir “processar a Gal Costa”, acontecia no Brasil uma discussão sobre a hipótese de exumação do corpo de Gal para investigação da causa da sua morte, após uma reportagem da revista Piauí sobre “as polêmicas e astúcias” da viúva da cantora.
Em 1994, Gal Costa “chocou o país” ao mostrar os seios em um show no Rio enquanto cantava o refrão daquela do Cazuza: “Brasil, mostra a tua cara/Quero ver quem paga/Pra gente ficar assim…”. E foi logo dizendo, a Gal, que era “uma postura política, uma arma”.
O nome dela é Gal. Ele, o atirador, não passa de um número: zero alguma coisa.