O Comando do Exército é contra o relatório do Ministério da Defesa que lançou suspeitas sobre o processo eleitoral brasileiro, a fim de inflamar o golpismo? Segundo o próprio Exército, isto é “fake news”.
A força terrestre soltou nesta quinta-feira, 10, a seguinte nota, na qual, com braço forte e mão pouco amistosa, desmente aparentemente sem constrangimento a informação, corrente na imprensa, de que os generais não coadunam com a ofensiva ainda em curso do Ministério da Defesa contra o sistema brasileiro de votação eletrônica:
“Sobre a matéria veiculada pelo jornalista Guilherme Amado, do Portal Metrópoles, no dia 9 de novembro de 2022, intitulada “Generais relatam ao STF que comando do Exército é contra relatório das urnas”, o Centro de Comunicação Social do Exército esclarece que o Comandante do Exército, General de Exército Marco Antônio Freire Gomes, não fez nenhum tipo de declaração ou manifestação a respeito do relatório sobre o processo eleitoral elaborado no âmbito do Ministério da Defesa. Ressalta-se que não há divergências entre o Comando do Exército e o Ministério da Defesa, diferentemente do que foi publicado. Assim, as informações divulgadas na reportagem não são verídicas e constituem-se em desinformação à sociedade”.
O que o Exército de Caxias endossa e compartilha, isto sim, é a nota do Ministério da Defesa, também desta quinta, na qual a pasta esclarece que, tudo bem, os militares não encontraram fraude nas urnas, mas não desistiram, as forças com fuzil, do caminho do golpismo:

Uma nota, a da Defesa, que repete em seu final a ameaça fantasiada de “compromisso” que o general Paulo Sergio já havia consignado no ofício ao TSE que acompanhou o relatório da “fiscalização”. Esta:
“O Ministério da Defesa reafirma o compromisso permanente da Pasta e das Forças Armadas com o Povo brasileiro, a democracia, a liberdade, a defesa da Pátria e a garantia dos Poderes Constitucionais, da lei e da ordem”.
Respeitar as urnas? Fake News!
Antes desta, a última vez que a agência de checagem do Exército Brasileiro deu sinal de vida foi na antevéspera do primeiro turno, quando, escandalosamente – mas sem causar maior escândalo -, pôs uma tarja de “fake news” em uma matéria do Estadão que cravava que o Comando do Exército havia fechado questão por respeitar o resultado das urnas.

Naquela feita, o Exército classificou a informação de “desinformação que só contribui para a instabilidade do País”, disse que os dados apresentados na matéria eram “inverídicos e tendenciosos” e ameaçou processar o jornalista.
Nesta quinta, o Alto Comando do Exército se reuniu com Jair Bolsonaro em Brasília para “discutir o relatório do Ministério da Defesa”.