Por volta das 20:30h desta terça-feira, 3, o Ministério da Defesa divulgou a seguinte nota sobre a reunião de poucas horas antes entre o ministro-general Paulo Sérgio Nogueira e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux:
“Nesta terça-feira (3), o Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, foi recebido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, na sede do Tribunal. Durante o encontro, foram discutidos temas institucionais, tal como o respeito entre as instituições. Também foi tratada a colaboração das Forças Armadas para o processo eleitoral. O Ministro da Defesa reafirmou, ainda, o permanente estado de prontidão das Forças Armadas para o cumprimento das suas missões constitucionais”.
Da nota, sucinta, saltam duas expressões: “o respeito entre as instituições” e “o permanente estado de prontidão das Forças Armadas para o cumprimento das suas missões constitucionais”.
A mídia corporativa mal repercutiu esta nota. Quando repercutiu, o tom foi positivo. Afinal, há que se ter respeito entre as instituições e o que se espera das Forças Armadas é que se balizem pela Constituição.
Pois a imprensa deveria ter repercutido mais a nota da Defesa, mas com oposto tom.
É preciso ser muito ingênuo, alheio ou incompetente para supor que o general Paulo Sérgio foi até Luiz Fux sinalizar, acenar com “respeito entre as instituições”, em vez de ameaçar, avisar ou intimidar a mando de Jair Bolsonaro, com quem Paulo Sergio havia se reunido nesta terça horas antes de ir ter com Fux.
Além disso, a frase “o permanente estado de prontidão das Forças Armadas para o cumprimento das suas missões constitucionais” cairia perfeitamente bem num cartaz de manifestação golpista insuflada por Bolsonaro: é justamente evocando por tortíssimas linhas o artigo 142 da Constituição que Bolsonaro e bolsonaristas querem meter as Forças Armadas numa empreitada autogolpista.
Algo na contramão do grosso da imprensa, uma comentarista política da GloboNews notou finalmente na manhã desta quarta-feira, 4, que a nota da Defesa é “dúbia”.
In dubio pro abram os olhos: a mais nova nota do Ministério da Defesa é (mais um) aviso de golpe.