Se desde o primeiro minuto como Ministro da Defesa, e desde antes, José Múcio Monteiro só faz tentar esconder o golpismo dos comandos militares, nas últimas horas o civil de quatro estrelas parece ter perdido totalmente o filtro e o freio, enfim, a linha.
Só nas últimas horas, José Múcio pintou o ataque do 8/1 à Praça dos Três Poderes como “uma baderna de desavisados convocados por agências de turismo”, à moda bolsonarista raiz, e, alinhando escancaradamente com a estratégia de defesa dos grão-milicos golpistas – a de desqualificar Mauro Cid como testemunha -, classificou a delação de Cid como “ilações”.
Coincidentemente, foi nestas últimas horas de Zé Mução descarrilado que surgiu a informação de que a Defesa tinha no prelo uma minuta de GLO, pronta e passadinha para usar, quando Lula ainda discutia com outros integrantes do governo, na tarde do 8/1, o melhor caminho a ser tomado.
Como todos os dias algum grande professor aparece para nos ilustrar, não se dá mais golpes como antigamente, metendo o coturno na porta. Não em um dos Brics. Desde que Silvinei Vasques começou a dizer que não tinha PRFs o bastante para liberar as estradas bloqueadas por bolsonaristas, após o segundo turno, até os patriotas que piscavam para ETs perceberam que o golpe, se viesse, viria com alguém abrindo a porta com GLO.
Até Merval Pereira diz isso na TV, mas diz ao mesmo tempo – disse nesta quarta, 27 – que no 8/1 foi “com a melhor das intenções” que Múcio soprou três letrinhas para Lula.
Puxe aí pela memória (ou pelo Google), você que não nasceu ontem: boa pinta, até que José Múcio passaria por Jack Palance apresentando o “Acredite se quiser” na velha TV Manchete.
Lula, como nos desenhos animados, espanou com as mãos o diabinho que sussurrava em seu ouvido o gê, o éle e o ó, e o golpe desvaneceu.
Primeiro, apareceu a minuta do golpe número um, a minuta de “Estado de Defesa no TSE”, encontrada nas tralhas de Anderson Torres. Depois, veio à tona a minuta do golpe número dois, a minuta de GLO encontrada no celular de Mauro Cid, minutada ainda para a caneta Bic – ou seria Chopard? – de Jair Bolsonaro.
Quem não nasceu ontem sabe bem: a GLO minutada para Lula no 8/1 foi a terceira minuta do golpe.
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