Há exatamente 20 anos, no dia 22 de agosto de 2003, as jornalistas Catia Seabra e Lydia Medeiros contaram no jornal O Globo a impagável história do Rolex falso dado de presente ao então chefe da Casa Civil, José Dirceu, pelo à época presidente do PTB, José Carlos Martinez.
Digamos que em homenagem à marca, que está na moda, Come Ananás reproduz a história, estrelando ainda Roberto Jefferson e Antonio Carlos Magalhães. Martinez morreu menos de dois meses após o caso, no dia 4 de outubro de 2003, em um acidente de avião, e Jefferson assumiu a direção do PTB. É digna de nota a profecia de ACM no fim do texto, feita dois anos antes do mensalão.
Mais abaixo, o fac-símile do artigo.
O mimo paraguaio e suas piadas legítimas
Políticos se divertem com relógio falso dado a José Dirceu
Os políticos não perdem tempo. Muito menos a piada. Por isso, encontraram no dia de ontem – quando os governistas não chegaram à comissão especial a tempo para a votação da reforma tributária, prevista para as 9h – a hora ideal para incluir um Rolex no anedotário do Congresso. Trata-se do relógio que o presidente do PTB, José Carlos Martinez (PR), deu para o chefe da Casa Civil, José Dirceu, em março como presente de aniversário. Constrangido ao ver publicado no Globo que fora presenteado, o ministro doou o relógio, um modelo de aço, para o Fome Zero. Nesta semana, foi avisado pela Caixa Econômica Federal que o relógio é falso. Razão para um esforço concentrado de piadas na base e oposição.
“Somos minoria, mas acordamos cedo. Não compramos relógio na feira do Paraguai”, ironizou o líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA).
Os petebistas, que, segundo o líder Roberto Jefferson (RJ), deram R$ 200 cada para a compra do presente, é que não acharam graça.
“Recolheram seis mil reais. Compraram um relógio de R$ 150… Bem, agora o ministro poderia usar. Está dentro do código de ética”, brincou um petebista, referindo-se à regra segundo a qual ninguém na administração pública pode ganhar presentes de valor superior a R$ 100.
Ontem, como Martinez tinha viajado, sobrou para Jefferson.
“Quem te deu esse relógio?”, perguntou o líder do PSB, Eduardo Campos (PE).
“Foi o Martinez”, reagiu ele.
Na véspera, Jefferson chorou de rir ao saber, do próprio Dirceu, que o presente de Martinez era falso.
“Que relógio?”, perguntou o líder, surpreendido ao saber que Martinez, incomodado, tinha comprado outro Rolex, desta vez legítimo, para entregar a Dirceu.
O assunto chegou até o Senado, onde Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) foi irônico:
“Quero alertar o líder Tião Viana: quem dá relógio falso, falso também será seu apoio”.
