Brasília (DF) 07/09/2023: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimentando os generais das 3 forças mais o ministro da defesa durante desfile militar em comemoração da independência do Brasil (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil).

Coro da mídia corporativa com o governo Lula, a “narrativa” de que a construção do golpe malfadado contra Lula foi obra apenas de civis e de “pessoas que eventualmente sejam militares”, no que as Forças Armadas, enquanto instituição, teriam na verdade impedido o golpe, esta faina de bater-se contra os fatos chegou ao seu cúmulo na noite desta segunda-feira, 11, em um telejornal da Globo News.

O show de inépcia começou com uma experimentada jornalista dizendo, ao comentar que Mauro Cid vai passar a depor sem farda, que Cid ter ido à CPMI do 8/1 fardado “causou constrangimento ao Exército”. Esqueceu, “esqueceu”, que após Mauro Cid ir fardado à CMPI o Exército soltou nota dizendo que foi a própria Força quem orientou o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro em matéria de com que roupa ele iria à comissão.

Depois, outra jornalista tarimbada lembrou que no dia 8 de janeiro, após o ataque à Praça dos Três Poderes, o Exército “costeou o alambrado” – expressão que era usada por Brizola para se referir aos traíras – ao mover tropas para impedir uma ação policial comandada pelo interventor Ricardo Capelli, mas emendou, a entendida, que isso pode ter sido “uma ação isolada de alguém ali do Forte Apache”. É só um mero detalhe que o Forte Apache seja o QG do Exército e que funcione ali o Comando Militar do Planalto.

Por fim, o zênite da luta contra os fatos: esta mesma jornalista, citando uma alta figura das Forças Armadas, disse que os militares, eles próprios, estão interessados em passar a limpo o que aconteceu, em que venha à tona a verdade, a fim de “olhar para o futuro”. Trata-se do mesmo Exército que tomou a decisão de voltar a pôr os coturnos na política quando Dilma criou a Comissão Nacional da Verdade? é o mesmo Exército ao qual Lula não quer melindrar ao se recusar, o presidente, sob espada, a assinar o decreto de reinstalação da Comissão de Mortos e Desaparecidos da Ditadura?

É o mesmo Exército? Ou é outro?

O atual comandante do Exército é o mesmo general que, quando comandava a Aman, permitiu que Bolsonaro lançasse sua candidatura à presidência da República dentro das instalações da academia? É o mesmo que classificou como “uma coisa burra” o PT ter manifestado intenção de mexer no sistema de promoções e ensino das Forças Armadas? É o mesmo que participou da ameaça do Alto Comando ao STF na véspera do julgamento do Habeas Corpus preventivo que poderia ter colocado Lula nas eleições de 2018, contra Bolsonaro?

É o mesmo general? Ou é outro Tomás Paiva?

Embevecida com a delação premiada de Mauro Cid antes mesmo de conhecer o seu teor, a mídia corporativa parece ter aceitado as cabeças de Cid e de Bolsonaro e “esquecido” os cabeças do golpe, do ecocídio, do genocídio. Como se o insosso tenente-coronel, posto que “primeiro da turma na Aman”, “menino prodígio do Exército”, fosse mesmo algum cervo sagrado para os oficiais-generais e, Bolsonaro, algum mustang premiado, e não um cavalo ordinário que passou e foi montado pelo general Villas Bôas e seu “círculo de confiança”, pelo Partido Militar.

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