Ataque do 8/1 à Praça dos Três Poderes (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

No tuite que foi uma, apenas uma das motivações da operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 15, contra Marcos do Val, o senador publicou fotos de um documento sigiloso da Abin sobre o 8/1 que atestariam “prevaricação” de Flávio Dino, GDias, Alexandre de Moraes e de Lula no ataque terrorista à Praça dos Três Poderes.

Esqueça por um minuto as pitorescas técnicas marcosdovalianas de “persuasão”, novo sinônimo de mentira que o senador deve ter aprendido numa masterclass da Swat. Não jogue o documento fora junto com Marcos do Val. Isto porque o documento da Abin contém o relato de uma notável “chegada no QG do Exército de 18 ônibus de outros estados para participar de manifestações”.

Isto, o relato, foi disparado a autoridades civis e militares às 10:30h do dia 7 de janeiro, conhecido também como véspera do 8/1. Repetindo: na véspera do 8/1, a Agência Brasileira de Inteligência identificou pelo menos 18 ônibus de viagem despejando “patriotas” na porta do Quartel-General do Exército.

No dia 6, um dia antes da chegada dos ônibus ao QG, a Abin havia informado que “foram bloqueados os acessos da Av. do Exército”, que é a via de acesso ao QG e à Praça dos Cristais, onde estava montado o acampamento dos “patriotas”. No dia 7, em informe das 15:40h, portanto após o relato sobre a chegada dos ônibus, a Abin deu conta de que as vias da região do QG do Exército estavam bloqueadas para veículos.

Nos dias 6 e 7 o acesso de veículos às cercanias do QG do Exército estava bloqueado, mas não, pelo visto, para o comboio golpista, ainda que no dia 6 a Abin tenha alertado para “risco de ações violentas contra edifícios públicos” em Brasília.

E a Abin alertou quem? O Ministério da Justiça? Sim, via Diretoria de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do MJ. Mas a mensagem, como todas as outras – inclusive sobre os ônibus – foi disparada também – e isso Marcos do Val não mostra – para o Centro de Inteligência do Exército (CIE), para o Centro de Inteligência da Marinha (CIM) e para a Assessoria de Inteligência de Defesa do Ministério da Defesa (AID/MD).

Segundo a Abin, o Exército assistiu à chegada de ônibus ao seu QG mesmo após a agência alertar para o que estava por vir. Pior do que isso: o Exército assistiu a chegada de ônibus ao QG mesmo após Abin alertar para “risco de ações contra edifícios públicos”.

Com e sem crase.

O que Marcos do Val e seus cúmplices na CPI também não dizem é que nos dias anteriores ao 8/1 houve várias tentativas civis de desmobilizar o acampamento golpista na frente do QG, todas abortadas, sabotadas mesmo pelo Exército, como mostrou a revista Piauí na reportagem “Como se deu o suporte dos militares ao golpismo de 8 de janeiro”.

Um suporte que, ao que tudo indica, estendeu-se à Praça dos Três Poderes, durante os ataques, com o sumiço do Batalhão da Guarda Presidencial, que apareceu só depois, para dar fuga a terroristas, e com agentes do GSI ajudando terroristas a se hidratarem.

O Brasil precisa mesmo “ser estudado pela Nasa”. Como um país que acabou de derrotar um golpe não prende imediatamente os golpistas, os tubarões, para além da velhinha de Tubarão e de ajudantes de ordens? Como um país com pretensões de reconstrução poderá se reerguer assim, fingindo que não vê a rachadura, a fenda por onde seguirão passando o vento e a chuva que nos impedem de avançar de fato, à vera, com a obra democrática?

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