A propósito dos ataques terroristas do 8/1 em Brasília, o GGN de Luis Nassif publicou nesta quarta-feira, 10, artigo do ex-granadeiro Abel Castro intitulado “Bicho de goiaba podre”. O Abel explica: “Bicho de Goiaba Podre” era como batalhões rivais se referiam ao Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), cujos integrantes são conhecidos “granadeiros”.
O nome – o oficial, não o apelido maldoso – denuncia a missão principal do BGP: guardar as principais instalações do Governo Federal, nomeadamente os palácios do Planalto e da Alvorada.
Mas, como diz o Abel:
“No meio das imagens da turba em fúria, eu procurava enxergar algum militar com o brasão do BGP no braço. Talvez eles estivessem nos postos de sentinela que existem nos cantos do palácio e do anexo, eu pensei, ou talvez eu veria o Oficial de dia por ali com o capacete sob o braço. Ninguém. Não vi nem os dois habituais beiçudos lanceiros em farda de gala no topo da rampa adornando com galhardia as fotos tiradas pelos turistas. Ninguém. Onde eles estavam? Por que eles abandonaram o posto, que é a pior vergonha para uma sentinela? Por que eles deixaram aquele povo destruir nosso palácio? Eles têm treinamento e contingente para isso”.
“Em que momento foi desrespeitada a história e a glória dos granadeiros, abandonando seu Comandante Supremo ao léu e deixando que vândalos depredassem as obras de Niemeyer, Lúcio Costa e Di Cavalcanti – e até o quadro do Patrono Duque de Caxias – profanando a memória, o patrimônio e o trabalho de milhares de candangos que construíram uma cidade no meio do nada?”, questiona o ex-granadeiro.
Como mostrou este Come Ananás já no domingo, o BGP tinha pronto um protocolo para ser posto em prática em caso de tentativa de invasão do Palácio do Planalto. Trata-se do Plano Scooby. Em 2017 aconteceu no palácio um grande exercício do Plano Scooby, após Michel Temer, governando, ser citado na delação da JBS.
Em um “papo verde-oliva” batido em outubro de 2016, o então comandante do BGP, coronel Carlos Frederico Gomes Cinelli, contou que o batalhão está organizado em oito subunidades, entre elas três de guarda e duas “vocacionadas para operações de GLO”.
“Missão de natureza eventual por acionamento do presidente da República”, completou o coronel Cinelli, sobre a operação de Garantia da Lei de Ordem, sonho de consumo dos golpistas, terroristas e que tais, para pôr os milicos em cena.
É o caso da 4ª Companhia de Infantaria de Guarda do BGP, composta por três pelotões – Caveira, Predador e Serra – para “emprego prioritário em Operações de Garantia da Lei e da Ordem”, segundo informações institucionais do Exército.
“O símbolo da 4ª Companhia é constituído pelo capacete característico das operações de Garantia da Lei e da Ordem, o raio que simboliza ação rápida e a silhueta da pantera que simboliza a força da Cia”.
A BGP, cuja missão primeira e contínua é a guarda das instalações presidenciais, mas que não foi vista atuando contra a invasão do Palácio do Planalto no domingo – e teria todas as condições para isso -, é também uma força de prontidão de GLO.
Gê, éle, ó
É consenso entre as análises mais fundamentadas e consequentes sobre o 8 de janeiro que o ataque terrorista à Praça dos Três Poderes foi obra do “lado verde-oliva da força”, nas palavras uma líder de campo do ataque ligada ao general Mourão, e que o objetivo primeiro era forçar o acionamento, por Lula, de uma GLO.
A Folha de S.Paulo informa nesta quarta-feira, 10, que no domingo, no meio do ataque à Praça dos Três Poderes, o ministro da Defesa nomeado por Lula, mas escolhido pelos militares, José Múcio Milicos Monteiro, soprou três letras no ouvido do presidente da República: gê, éle e ó.
Lula, de bate pronto, espanou a má ideia, mas seria uma boa – uma boa ideia – se algum repórter destacado na capital do país interceptasse o atual comandante do BGP, coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, para perguntar – não custa perguntar – se o batalhão não cumpriu sua missão primeira no 8/1 porque a missão dada naquele dia era, na verdade, a de natureza eventual.
É o que se espera da imprensa, quando há cheiro de goiaba podre no ar.